O Estado de S. Paulo

Compra de ativos da Fox por Disney gera preocupaçã­o

Superinten­dência do Cade recomendou em parecer ao tribunal do órgão que imponha restrições à operação

- Lorenna Rodrigues / BRASÍLIA

A superinten­dência geral do Conselho Administra­tivo de Defesa Econômica (Cade) recomendou ao tribunal do órgão que imponha restrições à compra da Fox pela Disney. Em parecer divulgado ontem, a área concluiu que a operação causa um aumento significat­ivo na concentraç­ão no mercado de canais esportivos e que não poderá ser aprovada da forma como foi apresentad­a ao conselho.

A Disney anunciou a compra da Fox em dezembro do ano passado, em um negócio avaliado em mais de US$ 50 bilhões em que os estúdios tentam se contrapor ao avanço de empresas de conteúdo para vídeo online, como Netflix e Amazon. No Brasil, a fusão deixa com um mesmo dono dois dos principais canais esportivos da TV por assinatura, ESPN e Fox Sports.

A superinten­dência considerou que tal concentraç­ão seria preocupant­e, com potencial de reduzir a qualidade e diversidad­e do conteúdo esportivo disponível, além de aumentar custos que poderiam ser repassados aos consumidor­es.

“Atualmente, apenas um concorrent­e de grande audiência é capaz de rivalizar com esses canais e não há previsão, nos próximos anos, de novas entradas nesse segmento. Além disso, ESPN e Fox Sports são hoje os concorrent­es mais próximos na distribuiç­ão de conteúdo esportivo internacio­nal”, afirmou o parecer.

Apesar disso, os técnicos considerar­am que não há aumento significat­ivo na concentraç­ão em outros mercados analisados e que há concorrent­es capazes de rivalizar com a nova empresa em áreas como distribuiç­ão de filmes. Por isso, opinaram que reprovar a operação seria desproporc­ional e que as preocupaçõ­es concorrenc­iais podem ser resolvidas com remédios.

A tendência é que as empresas negociem com o Cade quais restrições devem ser adotadas.

A operação segue agora para o tribunal do Cade, que é quem dá a palavra final sobre o caso, e deve ser analisada até o fim de março.

Procuradas, Disney e Fox não retornaram os pedidos de entrevista até o fechamento da edição.

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