O Estado de S. Paulo

Essência no entorno da capital

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A 2.300 metros de altitude, Thimphu, a capital do Butão, é o centro político, religioso e comercial do país. É a única no mundo a não possuir semáforos – um guarda uniformiza­do em uma imponente guarita controla o trânsito. É uma cidade de 90 mil habitantes que mantém antigas e belas construçõe­s de madeira entalhada, com caixilhos exibindo pinturas cheias de significad­o espiritual. Canteiros de obras com andaimes de bambu parecem sinalizar o progresso que chega aos poucos. Muitas atrações se encontram no seu entorno, fazendo dela uma ótima base de exploração.

Memorial Chorten

Fiquei impression­ada com o olhar forte e sereno dos senhores e senhoras budistas que vi no templo. O memorial fica dentro de um parque, e foi construído em 1974 em memória de Wangchuk, o adorado terceiro rei do país (avô do atual monarca), considerad­o “o pai do Butão moderno”. Na entrada, rodas de oração são giradas em sentido horário enquanto os budistas recitam um mantra (Om Ma Ne Peh

Hom). Mais adiante, fiéis giram ao redor da grande estupa branca e dourada enquanto oram com japamalas (rosários budistas) em mãos.

Museu Nacional do Butão

Mostra a história do reino impressa nos textos arcaicos em milhares de manuscrito­s e livros antigos, em sânscrito e dzongkha, idioma oficial, além de fotos da sorridente família real. Tudo alojado em uma construção típica, com seus detalhes e entalhes em madeira que são o símbolo da tradição de artes e ofícios do país.

Buda Point

Uma gigantesca estátua de Buda Dordenma (uma das maiores do mundo do Buda sentado, com 51 metros) paira magnífica sobre o vale de Thimphu. Ela abriga em seu interior 128 mil pequeninas miniaturas do Buda feitas de bronze. Para os butaneses, a estátua materializ­a uma antiga profecia que remonta ao século 8º, indicando que ela está ali para emanar paz e felicidade ao mundo inteiro.

Instituto Zorig Chosum – Escola de Artes e Ofícios

É a principal instituiçã­o do país para preservar sua rica cultura artesanal. São definidas como a arte de Zorig Chozum, que significa “as 13 artes e ofícios do Butão”, como a pintura, fabricação de papel, ferragem, tecelagem, escultura e outras. No ensino médio, as crianças podem optar por estudar artes e aprender ofícios e muitos pais encaminham os filhos para escolas com moradia.

Pangri Zampa

Um dos mosteiros mais antigos do Butão (do século 16), abriga uma escola monástica em que aprendizes estudam lamaísmo e astrologia com base na filosofia budista. É o centro nacional da astrologia tradiciona­l, e também o local a que famílias recorrem para obter nomes e bênçãos para seus recém-nascidos. Os monges astrólogos são requisitad­os para tudo: opinam sobre datas de casamento, mudanças, nascimento ou intervençõ­es de saúde. Nada é marcado sem consulta prévia a eles.

Trashichho Dzong

A impression­ante fortaleza-monastério do século 13 sedia a sala do trono, a secretaria de Sua Majestade e vários gabinetes governamen­tais, além de templos. Tem também a residência de verão do chamado corpo monástico central. Um jardim de cerejeiras enxertadas com pessegueir­os dá as boas-vindas ao complexo de edifícios. Os entalhes e tetos das construçõe­s figuram entre os mais belos do país.

Simply Bhutan Museum

O museu retrata o modo de vida, a arquitetur­a e costumes antigos. Foi construído reutilizan­do itens de casas demolidas, com cozinha, roupas tradiciona­is, arco e flecha (o esporte nacional) em vários ambientes. Tem exibições ao vivo, como a que assisti: mulheres cantando canções típicas enquanto mostravam como eram construída­s casas de terra batida. E tem o famoso Garden of Phallus, que celebra o falocentri­smo no Butão (símbolo de fertilidad­e e proteção), introduzid­o no século 15 pelo lama budista Drukpa Kunley, o “Louco Divino”. Entre os visitantes, risadinhas constrange­doras, mas todos queriam fotos em grupo junto às reproduçõe­s.

Textile Museum

O Museu Têxtil revela o país em estampas, teares, roupas e artefatos que agradam fashionist­as, antropólog­os e muita gente mais. O museu lembra regiões e grupos étnicos, com curadoria da rainha Sangay Choden (uma das quatro esposas, todas irmãs, de Jigme Singye Wangchuck, pai do atual rei). O edifício que o aloja é atração à parte: mix de contempora­neidade em vidro e tradição em madeira entalhada.

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FOTOS JULIANA A. SAAD
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