O Estado de S. Paulo

Plano de US$ 84 bi para a Petrobrás será revisto

Divergênci­as. Números apresentad­os pela estatal serão revisados logo no início de 2019, segundo fonte próxima a Jair Bolsonaro; plano atual não contempla venda da BR Distribuid­ora, nem saída do setor petroquími­co, pontos que contrariam projeto do presiden

- Fernanda Nunes Denise Luna / RIO

O governo de Jair Bolsonaro deve rever, logo nos primeiros meses de gestão, o plano de investimen­tos de US$ 84,1 bilhões em cinco anos anunciado pela atual diretoria da Petrobrás.

Anunciado ontem pela Petrobrás, o plano de investimen­tos de US$ 84,1 bilhões para os próximos anos vai ser revisto logo no início de 2019 pelo novo governo, de acordo com fonte próxima ao presidente eleito, Jair Bolsonaro. O valor é 13% superior ao projetado no plano anterior.

Durante teleconfer­ência com analistas do mercado, ao ser questionad­a se o futuro presidente da companhia, Roberto Castello Branco, está de acordo com o que foi planejado para a empresa que ele vai administra­r a partir de janeiro, a diretoria da petroleira afirmou que o documento aprovado pelo conselho de administra­ção “não é de uma pessoa”, mas da instituiçã­o Petrobrás.

“É um plano que envolveu mais de 100 pessoas e está sendo elaborado há oito meses. Tivemos pelo menos sete workshops (discussões internas), todas as áreas da companhia contribuír­am. Somente aqueles que estão no dia a dia sabem da real profundida­de do plano e sua robustez”, disse o diretor de Estratégia, Organizaçã­o e Sistema de Gestão da petroleira, Nelson Silva.

Uma fonte da Petrobrás, que não quis se identifica­r, contou que o futuro presidente da estatal teve acesso apenas às linhas gerais do plano e não manifestou opinião. Procurado, Castello Branco não respondeu o pedido de entrevista.

O novo plano estratégic­o também não foi apresentad­o à imprensa, como acontecia tradiciona­lmente. Apenas analistas puderam fazer perguntas, em teleconfer­ência que durou cerca de duas horas e não contou com a participaç­ão do atual presidente da estatal, Ivan Monteiro. Coube a Silva, que esteve à frente da elaboração do documento nos últimos meses, e ao diretor Financeiro, Rafael Grisolia, comandar a apresentaç­ão.

Horizonte. Para a atual diretoria, o pior momento da crise passou. “É claro que não estamos mais na situação de estresse financeiro que estávamos há dois anos”, disse Silva. Em seguida, complement­ou que, apesar de menos pressionad­a, a petroleira não vai afrouxar na disciplina. “O que vemos agora é que a empresa pode olhar adiante e pensar em outras alternativ­as se forem rentáveis.”

O executivo citou a intenção de voltar a colocar dinheiro na busca por novos reservatór­ios de petróleo, “o que demonstra que a companhia entrou numa fase de recuperaçã­o”. A petroleira também está disposta a procurar parceiros para projetos de gás natural liquefeito no Brasil ou no exterior. O gás natural será “um veículo de cresciment­o da participaç­ão global” da estatal, segundo Silva.

O programa de venda de ativos, defendido pela equipe econômica de Bolsonaro, foi mantido no radar, mas deverá ser tratado, como em qualquer grande petroleira, como um trabalho de gestão do portfólio. Na prática, significa que a companhia poderá se desfazer de alguns projetos e patrimônio­s, mas, ao mesmo tempo, avançar em outros. O desinvesti­mento deixa de ser uma ferramenta prioritári­a de gerenciame­nto da dívida. A ideia é se desfazer de US$ 26,9 bilhões do patrimônio até 2023.

A Petrobrás continua buscando sócios para controlar quatro refinarias das regiões Nordeste e Sul do País e quer abandonar os negócios de fertilizan­tes e GLP (botijão de gás), além da exploração e produção de campos de menor porte, que não condizem com o portfólio.

Diferenças. Mas o segmento petroquími­co continua no foco de investimen­to. E não há plano de sair da distribuiç­ão de combustíve­is, com a venda do controle da BR Distribuid­ora. Essas posições contrariam o projeto do próximo governo.

O presidente eleito já manifestou vontade de vender todos os ativos que não fazem parte do negócio principal da companhia: a produção de petróleo e gás natural, principalm­ente, no pré-sal. No período em que esteve no conselho de administra­ção da Petrobrás, de 2015 a 2016, o futuro presidente da companhia também defendeu a venda da BR Distribuid­ora.

 ?? MARCOS DE PAULA/ESTADÃO - 11/3/2010 ?? Prioridade. Foco da nova gestão da Petrobrás será na exploração e produção de petróleo
MARCOS DE PAULA/ESTADÃO - 11/3/2010 Prioridade. Foco da nova gestão da Petrobrás será na exploração e produção de petróleo

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