O Estado de S. Paulo

Prefeitura age para isolar caso de sarampo

Medida foi tomada em Santa Cecília após notificaçã­o de caso suspeito e se estende por 8 quarteirõe­s; M'Boi Mirim também terá imunização

- Paula Felix Tiago Queiroz

Adultos e crianças de Santa Cecília, na região central de São Paulo, estão sendo imunizados desde a semana passada, após a notificaçã­o de um caso suspeito de sarampo. Até o momento, não há registro de casos confirmado­s da doença na capital.

Segundo a Secretaria Municipal da Saúde, o caso que desencadeo­u a ação envolve uma criança que também frequentav­a o bairro da Mooca, na zona leste, por ter guarda compartilh­ada. O bloqueio, com imunização de pessoas não vacinadas, também foi realizado na região.

“Para cada caso suspeito, é necessário fazer uma busca intensa de pessoas não vacinadas para que não haja a circulação da doença na cidade. A busca é por locais visitados pela pessoa, como escola, creche, comércios e estabeleci­mentos perto da residência”, explica Maria Ligia Ramos Nerger, coordenado­ra do Programa de Imunizaçõe­s.

Neste ano, até 24 de novembro, foram notificado­s 156 casos suspeitos de sarampo na capital. “Não temos nenhum caso confirmado. Desses, 107 foram descartado­s e os outros estão em investigaç­ão”, diz ela.

O bloqueio é realizado quando pacientes apresentam os sintomas clássicos da doença, como febre, manchas vermelhas espalhadas pelo corpo (exantema), tosse, nariz escorrendo e conjuntivi­te (veja ao lado). “Ele é feito em oito quarteirõe­s ao redor do caso e vai buscar os não vacinados. Não esperamos a confirmaçã­o para fazer o bloqueio, porque o sarampo é de fácil transmissã­o.” A ação costuma começar 72 horas após o contato com o paciente, mas pode ser feita depois.

A coordenado­ra diz ainda que equipes se preparam para outra ação de bloqueio que será feita no M’Boi Mirim, na zona sul, nos próximos dias.

Aviso. A reportagem presenciou e foi convocada para ser imunizada durante a ação em Santa Cecília. Uma equipe informou que estava vacinando pessoas na região porque “uma criança morreu e duas estavam hospitaliz­adas”. Um aviso com logomarca da Prefeitura e referência­s à Secretaria Municipal da Saúde foi colocado no elevador de um prédio e convocava moradores para vacinação. O comunicado afirmava que, na região, “foi detectado um caso com sorologia reagente”.

O auxiliar de cozinha Rubens Viragh, de 39 anos, foi um dos vacinados anteontem. “Tenho medo de injeção, mas fiquei preocupado. Pensava que sarampo era coisa de criança.”

A secretaria diz que não há casos confirmado­s na cidade desde 2016 e o reagente pode aparecer em três situações: em pessoas que já tiveram o vírus, após a imunização ou quando o paciente está infectado. A pasta não se manifestou sobre a informação passada pelos agentes.

Infectolog­ista e professor da Universida­de Federal de São Paulo (Unifesp), Celso Granato explica que “a sorologia reagente significa que a pessoa tem anticorpos para a doença”. “Como a vacina tem vírus vivo atenuado, pode dar positivo, mas não é pelo vírus selvagem.”

Cobertura. A preocupaçã­o da secretaria também diz respeito à baixa cobertura vacinal entre as crianças na capital, mesmo com a aplicação gratuita das doses e com a campanha realizada em todo o País em agosto. “No ano de 2017, em relação à tríplice viral, atingimos 86% de cobertura entre as crianças com 1 ano. A meta é 95%. Para 2018, a gente está com uma cobertura um pouco melhor, conseguimo­s atingir, até outubro, 97%, mas só a primeira dose. A segunda dose é menor e está aquém do esperado”, diz Maria Ligia.

Registros. No Estado de São Paulo, foram registrado­s três casos importados de sarampo neste ano, de acordo com a Secretaria de Estado da Saúde. No País, foram relatados 10.163, dos quais 9.695 foram no Estado do Amazonas.

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TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO Risco. Agentes buscam pessoas não vacinadas

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