Impasse no destino da Funai provoca reações divergentes
A possível saída da Fundação Nacional do Índio (Funai) da estrutura do Ministério da Justiça virou um impasse e tem gerado declarações divergentes entre os futuros ministros do governo Jair Bolsonaro. Ontem, o futuro ministro da Justiça, Sérgio Moro, disse que o órgão responsável pelas políticas públicas em relação aos índios pode permanecer na pasta. Horas depois, no entanto, Osmar Terra, indicado titular da Cidadania, citou até três outros ministérios como possíveis destinos – Secretaria de Governo, Direitos Humanos e Cidadania.
Há dois dias, o coordenador da transição e futuro ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, havia dito que a autarquia deveria ir para o Ministério da Agricultura. “A situação da Funai ainda está indefinida. Pode ser até que fique no Ministério da Justiça”, disse Moro.
O presidente eleito, Jair Bolsonaro, não descartou nenhuma das hipóteses. Ao ser questionado, citou a sobrecarga de trabalho na Justiça, mas não deu posição definitiva. “A Funai vai para algum lugar onde o índio seja tratado como ser humano. Índio quer se integrar à sociedade”, disse Bolsonaro, citando o fato de o presidente da Bolívia, Evo Morales, ser indígena. “Índio pode ser presidente na Bolívia, aqui tem que ser animal dentro do zoológico, isso não pode continuar acontecendo”, afirmou.
A indefinição levou o vicepresidente eleito, Hamilton Mourão, a brincar com o destino do órgão: “A Funai tá aquela história ali, né? No final das contas até proponho: deixa comigo, eu cuido dos índios”.
Resistência. A futura titular da Agricultura, Tereza Cristina, sinalizou não estar de acordo com a transferência da Funai para a pasta. E Terra disse que o Ministério da Cidadania “já está com muita coisa relevante”.
A afirmação de Onyx de que a Funai pode ir para a Agricultura provocou reação de funcionários do órgão, que enviaram carta a Moro falando de um processo de esvaziamento, com restrições orçamentárias e de recursos humanos e materiais. /