O Estado de S. Paulo

Delegado faz articulaçã­o da transição na Câmara

Vice-líder do PSL na Casa, Waldir leva ao plenário as preocupaçõ­es de Paulo Guedes

- Camila Turtelli Adriana Fernandes / BRASÍLIA

Em seu segundo mandato e até então integrante do chamado “baixo claro”, o deputado Delegado Waldir (PSLGO), vice-líder do partido, foi alçado ao posto de articulado­r político do governo de transição na Câmara neste fim de ano. É ele quem tem levado ao plenário as preocupaçõ­es do futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, e do atual comandante da Fazenda, Eduardo Guardia, com projetos que podem onerar ainda mais as contas públicas. A avaliação das equipes econômicas é a de que se não fosse essa “contenção”, o próximo governo já estaria com um problema orçamentár­io maior em 2019.

A interlocuç­ão entre Waldir e as equipes começou com a transição, mas se intensific­ou depois que Guedes perdeu batalhas importante­s, como a aprovação do reajuste do Supremo Tribunal Federal pelo Senado, e com as complicaçõ­es envolvendo as negociaçõe­s sobre cessão onerosa, por causa do debate de divisão entre Estados e municípios.

Entre as principais preocupaçõ­es que as equipes tentam barrar está o projeto que renova benefício para Sudene e Sudam e extensão do incentivo para Sudeco, com impacto de R$ 9,3 bilhões até 2020 e o refis para dívidas com Funrural – R$ 13 bilhões em 2018.

Com o líder da bancada, Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), dedicado a divulgar o novo governo no exterior, Waldir tem se reunido semanalmen­te com integrante­s da atual e da futura equipe econômica para receber orientaçõe­s sobre projetos em votação na Casa. Dos encontros sai com uma lista do que fazer e, em alguns casos, quem procurar para tentar barrar as propostas.

Uma delas é o projeto que perdoa dívidas de agricultor­es com o Funrural. Na semana passada, pressionad­o pela bancada ruralista, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), colocou em votação um pedido para acelerar a tramitação do projeto. Waldir, então, pediu a ajuda de outros líderes para barrar a votação. “Eu virei oposição tentando impedir que pautas que mexam com o Orçamento passem. Alguns (líderes) pensam no ano que vem. Mas nem sempre encontro respaldo em todos e, às vezes, eu não tenho ali as pessoas para me ajudar naquele impediment­o. O PSL é nanico. Não posso pedir uma verificaçã­o (de quórum) sozinho. Até a nossa obstrução é limitada. É uma atividade hercúlea”, afirmou Waldir ao Estado.

Apesar de ter eleito a segunda maior bancada em outubro, com 52 deputados, o PSL tem apenas oito parlamenta­res na Câmara atualmente.

Proposta. A falta de articulaçã­o política de Bolsonaro com o atual Congresso foi evidenciad­a na votação do reajuste do Judiciário, no mês passado. Na ocasião, após a proposta ser pautada no Senado, o presidente eleito disse que esperava que ela não fosse aprovada, mas, sem articulaçã­o na Casa, viu passar com apoio, inclusive, de senadores de partidos aliados.

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DIDA SAMPAIO/ESTADÃO Baixo clero. Em seu segundo mandato, Delegado Waldir é vice-líder do PSL na Câmara

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