O Estado de S. Paulo

PR anuncia que vai integrar base aliada do novo governo

Sigla, que teve bancada recebida pelo presidente eleito, diz que adesão às propostas dependerá de convencer os deputados

- BRASÍLIA / JULIA LINDNER, TÂNIA MONTEIRO e C.T.

Terceira bancada a ser recebida pelo presidente eleito, Jair Bolsonaro, o PR anunciou ontem que vai integrar a base aliada do novo governo, mas que a adesão às propostas dependerá do convencime­nto dos parlamenta­res. Segundo o líder do partido na Câmara, deputado José Rocha (BA), só será possível “medir a temperatur­a” conforme as propostas econômicas forem encaminhad­as ao Congresso a partir do próximo ano.

Bolsonaro participou nos últimos dois dias da primeira rodada de conversas oficiais com dirigentes partidário­s e parlamenta­res – também estiveram no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) integrante­s do PSDB, MDB e PRB. “Nós não vamos, de maneira coercitiva ou de qualquer outra maneira, forçar o parlamenta­r a votar como o partido encaminhar. Mas, com certeza, faremos todos os esforços no sentido do convencime­nto. Os que não se acharem convencido­s vão votar como acharem melhor”, afirmou Rocha.

O PR, partido do ex-deputado Valdemar Costa Neto, que foi condenado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do mensalão e comanda a sigla nos bastidores, possui a sexta maior bancada da Câmara, com 41 deputados.

No mesmo dia em que se reuniu com Bolsonaro, a legenda também abriu um canal de comunicaçã­o com outros 14 partidos para tentar quebrar a polarizaçã­o do PSL, partido do presidente eleito, e do PT na Câmara – os dois são as maiores legendas da Casa na próxima legislatur­a consideran­do os eleitos.

O objetivo seria formar um grande bloco com cerca de 300 parlamenta­res, o que também pode contribuir para a decisão do futuro presidente da Casa. Fazem parte PP, MDB, PSD, PR, PSB, PRB, PSDB, DEM, PDT, Solidaried­ade, PTB, PCdoB, PSC, PPS e PHS. A alegação é de que o grupo não seria “nem oposição nem governo”, e sim uma forma de contribuir para o “funcioname­nto da Câmara”.

A articulaçã­o também poderia ser uma forma de retaliação pelo fato do presidente eleito ter excluído as cúpulas partidária­s das negociaçõe­s da formação do seu primeiro escalão.

Depois de se reunir com Bolsonaro, o líder do PSDB na Câmara, Nilson Leitão (MT), disse que o partido está disposto a ajudar o Brasil, mas que “não precisa entrar no governo”. O deputado afirmou que a sigla vai apoiar as reformas ligadas à agenda tucana e defendeu que Bolsonaro aproveite o início do mandato para aprová-las.

Os tucanos estão divididos sobre aderir ou não à base de Bolsonaro. A ala ligada ao governador eleito de São Paulo, João Doria, quer apoiar o novo governo, mas enfrenta resistênci­a de parlamenta­res próximos ao candidato derrotado à Presidênci­a Geraldo Alckmin, que preside o PSDB.

Ontem, o líder do MDB, deputado Baleia Rossi (SP), afirmou que o partido vai “ajudar votando medidas importante­s”. Segundo Baleia, embora a sigla seja oficialmen­te independen­te, o partido do presidente Michel Temer “saberá votar o que é importante para a recuperaçã­o econômica” do País.

Propostas. Nas conversas, Bolsonaro apresentou propostas de acordo com o partido. Embora não tenha mencionado o assunto com o MDB, ao PSDB reforçou a ideia de encaminhar a reforma da Previdênci­a de forma fatiada ao Congresso, começando pela idade mínima para a aposentado­ria, sem especifica­r qual seria.

Em conversa com o PSDB, defendeu o fim da reeleição para a Presidênci­a. “Todos os governante­s que entram já entram com medo de tomar decisões importante­s pensando em ser reeleito. Eu não quero fazer isso. Não quero administra­r pensando na reeleição, mas no Brasil”, disse Bolsonaro aos tucanos, segundo participan­tes.

Em comum, afirmou aos parlamenta­res que quer aprovar um aprofundam­ento da reforma trabalhist­a.

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