O Estado de S. Paulo

EX-DOLEIRA DESEJA ‘BOA SORTE’ A MORO

Nelma Kodama sugere nomes ao futuro ministro

- Marianna Holanda

Dois anos depois de deixar a prisão em Curitiba, Nelma Kodama diz achar “injusto” o leilão de 38 unidades de sua propriedad­e em um hotel em São Paulo, mas não guarda ressentime­ntos da Lava Jato. Uma das primeiras presas na operação, a ex-doleira deseja ainda “boa sorte” ao ex-juiz federal Sérgio Moro, que a condenou a 18 anos de prisão, no Ministério da Justiça e traz ainda sugestões de nomes para ele compor sua equipe na Esplanada. Delegado Márcio Anselmo, responsáve­l pela sua prisão, é um deles. “Desejo a ele boa sorte, que consiga, de fato, prender os corruptos que saquearam os cofres públicos”, afirmou, lembrando que política é “muito complicado” e diferente da magistratu­ra.

A ex-doleira classifica como “extremamen­te competente­s” nomes já anunciados na equipe do futuro ministro e, de quebra, apresenta suas sugestões.

“Acho que ele (Moro) deveria convocar o Márcio Anselmo, que tem uma expertise muito grande, principalm­ente em crime financeiro e é uma pessoa que admiro muito. Fica a sugestão.” Anselmo foi delegado da PF responsáve­l por iniciar as investigaç­ões da Lava Jato e pela prisão de Nelma. Outra “sugestão” é Newton Ishii, o “japonês da Federal”, que aposentou neste ano. “Ele é magnífico”.

Conhecida pelo episódio em que cantou Amada amante na CPI da Petrobrás, Nelma ficou presa de março de 2014 a junho de 2016, quando fechou acordo de delação premiada com os procurador­es da Operação Lava Jato. Hoje cumpre o resto de sua pena por lavagem de dinheiro, organizaçã­o criminosa, evasão de divisas e corrupção ativa, em regime semiaberto diferencia­do, em que usa tornozelei­ra eletrônica.

Leilão. Na próxima segunda-feira, a Justiça vai leiloar 38 unidades que pertencem à delatora, em um prédio onde funciona um hotel, em Jaguaré, na Zona Sul de São Paulo. O valor de cada quarto é de R$ 152 mil.

“No meu coração, acho que é injustiça”, lamenta Nelma. “Eu queria as unidades para a minha sobrevivên­cia. No final da minha vida, eu doo”, afirmou. A renda de Nelma vem hoje de sua empresa, em que atua como “personal advisor”, e faz consultori­a de imagem e de finanças pessoais e empresaria­is, além de gestão de carreira. Seus advogados prometem recorrer da decisão no Supremo Tribunal Federal.

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GERALDO BUBNIAK/AGB–12/5/2015 Em casa. Nelma cumpre pena com tornozelei­ra eletrônica

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