Para Moreira Franco, ‘campanha moral’ impediu avanço de reforma
Ministro de Minas e Energia diz que ‘nunca viu’ ação contrária a um presidente da República como ocorreu com Temer
Em um balanço de erros e acertos do governo Michel Temer, o ministro de Minas e Energia, Moreira Franco, disse ontem que uma “campanha de natureza moral” contra o presidente foi o principal fator para que a reforma da Previdência não tenha sido aprovada. Um dos nomes mais próximos de Temer, o ministro disse que “nunca viu” uma campanha contrária a um presidente da República “tão deliberada”. Temer foi denunciado duas vezes pela Procuradoria-Geral da República, por obstrução de Justiça e organização criminosa, mas teve as denúncias barradas pela Câmara.
“O grande problema do presidente Temer é que ele teve uma campanha de natureza moral contra ele muito vigorosa, muito dura”, afirmou o ministro ao Estado. “Nunca vi nenhuma campanha assim deliberada, quiseram derrubar o presidente da República. Foi essa campanha que impediu (a aprovação da Previdência).”
Moreira Franco ressaltou que, quando a primeira denúncia contra Temer foi divulgada, a reforma da Previdência estava a duas semanas da votação. “Digo com tristeza, mas com muita naturalidade: a história do Brasil, do ponto de vista de emprego, do ponto de vista de ambiente de negócios, seria completamente outra.”
O ministro concedeu a entrevista à TV Estadão ontem acompanhado pelo secretário-geral da Presidência, Ronaldo Fonseca, para um balanço dos dois anos e meio do atual governo. A avaliação para a área econômica foi positiva. Eles destacaram resultados no controle da inflação e na geração de empregos nos últimos sete meses.
Segundo Moreira Franco, houve sucesso pois o plano de governo do MDB divulgado antes de Temer assumir foi seguido. “Nós conseguimos (resultados positivos) porque tínhamos um programa, a Ponte para o Futuro, que foi discutido com a sociedade com antecedência, e esse programa foi cumprido rigorosamente.” O secretário-geral da Presidência disse que os resultados econômicos ficaram acima da expectativa da equipe governamental. Ele comparou o governo com um paciente hospitalar. “O presidente pegou o governo como um paciente em coma, na UTI, e que ainda pegou pneumonia. O que eu vejo é que ele conseguiu colocar esse paciente na enfermaria e, se não deixarem pegar uma gripe, vai ter alta”, afirmou Fonseca. “Não é questão de gostar ou não gostar do presidente Temer. São números, são dados.”
Transição. Sobre a transição com o governo Bolsonaro, os ministros disseram que a próxima equipe do Planalto terá de tirar o foco de temas morais, que nortearam o debate durante a campanha eleitoral, e se concentrar na condução da economia e em políticas públicas. “Outros temas terão que vir à baila”, disse Fonseca.
O secretário-geral aposta que o próximo governo deve ter apoio do próximo Congresso, que também assume em 2019. “Agora chegou a hora de pisar no chão. Eu acredito que não vai faltar a ele apoio, porque essa nova bancada é uma bancada muito ética.”