O Estado de S. Paulo

STF arquiva inquérito contra o banqueiro André Esteves.

Sócio do BTG era investigad­o por suposta participaç­ão no ‘quadrilhão’ do MDB; para Supremo, prosseguim­ento das apurações não se justifica

- Teo Cury Amanda Pupo/ BRASÍLIA

O plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu ontem arquivar o inquérito que investigav­a o banqueiro André Esteves, sócio do BTG Pactual, por suposta participaç­ão no “quadrilhão” do MDB – organizaçã­o criminosa criada pelos integrante­s do partido na Câmara para influencia­r, mediante recebiment­o de propina, a votação de medidas provisória­s na casa legislativ­a.

Segundo a acusação do Ministério Público Federal, o banqueiro teria recebido favores para ele e empresas do grupo BTG em contratos com a Petrobrás e BR Distribuid­ora. Em troca, teria feito pagamentos ou promessas de pagamentos de “vantagens indevidas” a políticos do MDB. Entre os investigad­os estão também o deputado cassado Eduardo Cunha (RJ), o exministro Geddel Vieira Lima

Antônio Carlos de Almeida Castro

(BA) e o ex-deputado e ex-assessor especial da Presidênci­a Rodrigo Rocha Loures (PR).

A investigaç­ão contra Esteves tramitava na 10ª Vara Federal do Distrito Federal desde que foi desmembrad­a pelo Supremo em dezembro de 2017. Os ministros tiraram das mãos do então juiz Sérgio Moro a ação por entender que o caso não tinha relação com a Petrobrás. No inquérito, eram investigad­os o presidente Michel Temer e os ministros Moreira Franco e Eliseu Padilha. Com a decisão, em 2019, quando a ação de Temer poderá ser retomada, as apurações não serão conduzidas pela Lava Jato em Curitiba. Decisão. O caso julgado ontem chegou ao Supremo por meio de um pedido da defesa do banqueiro, que alegou que a investigaç­ão “nunca se fundou em um único indício verdadeiro e importante”. “Já se passaram quase 30 meses sem que nada tenha sido produzido contra ele”, argumentar­am os advogados de Esteves.

A maioria dos magistrado­s seguiu o entendimen­to do ministro Marco Aurélio Mello, que votou para conceder ordem de ofício (decisão fora do pedido da defesa) para arquivar o inquérito. O ministro afirmou que não há novos elementos que justifique­m o prosseguim­ento das apurações. Alexandre de Moraes, Ricardo Lewandowsk­i, Gilmar Mendes e Dias Toffoli seguiram Marco Aurélio. “Aqui, estamos analisando os mesmos fatos pelos quais não houve denúncia do Ministério Público na 10ª Vara”, reforçou Moraes em voto.

Edson Fachin, Luís Roberto Barroso, Rosa Weber e Cármen Lúcia votaram contra o arquivamen­to. Os ministros Celso de Mello e Luiz Fux não participar­am do julgamento.

Procurados, os advogados do banqueiro afirmaram que a decisão do STF foi uma vitória importante, que resgatou uma tese defendida pela defesa desde o início. “Nesses embargos, levantamos a tese, que foi a vencedora, de que havia necessidad­e de arquivamen­to. Felizmente o STF entendeu, num voto muito lúcido do ministro Marco Aurélio, que evidenteme­nte não se poderia fazer investigaç­ão sobre os mesmos fatos sem que houvesse fato novo. E não há”, disse o advogado de Esteves, Antônio Carlos de Almeida Castro, Kakay, que atuou no caso junto do ex-ministro Sepúlveda Pertence.

Procurado pela reportagem, o BTG afirmou que não comentaria a decisão.

“Levantamos a tese, que foi vencedora, de que havia necessidad­e de arquivamen­to. Felizmente, o STF entendeu.”

ADVOGADO DE ANDRÉ ESTEVES

 ?? CLAYTON DE SOUZA/ESTADÃO - 22/3/2013 ?? Argumento. Para advogados de Esteves, ‘investigaç­ão nunca se fundou em indício verdadeiro’
CLAYTON DE SOUZA/ESTADÃO - 22/3/2013 Argumento. Para advogados de Esteves, ‘investigaç­ão nunca se fundou em indício verdadeiro’

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