O Estado de S. Paulo

‘SEM VENCER BATALHA DO AJUSTE, NÃO CRESCEMOS’

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Luiz Carlos Trabuco Cappi recebeu na terça-feira à noite, em nome do Bradesco, o prêmio de melhor banco brasileiro de 2018, dado anualmente pela revista Latin Finance, em Nova York. Quem venceu o prêmio top da região? O canadense Scotiabank. De lá, o presidente do conselho de administra­ção do Bradesco conversou com a coluna sobre suas expectativ­as com relação ao cenário futuro – o do governo de Jair Bolsonaro.

Ajuste fiscal para valer não gera cresciment­o, pelo contrário. No seu ver, o novo governo deve começar pelas reformas ou por medidas de cresciment­o?

A agenda está dada: reforma e ajuste fiscal primeiro. Sem acertar o Orçamento não há espaço para investimen­tos. Sem vencer a batalha do ajuste, não haverá a batalha do cresciment­o.

Paulo Guedes tem o perfil para negociar as reformas?

Paulo Guedes tem ideias, convicções. Pode encaminhar a volta de um cresciment­o vigoroso se conseguir dar funcionali­dade ao Estado e recuperar a capacidade de investimen­to. Corrigir a trajetória explosiva das contas públicas é a base da reconstruç­ão.

Roberto Campos Neto, novo presidente do BC, não é economista conhecido. Vai dar conta do recado?

Sim. O conhecimen­to econômico está cravado no neto do brilhante Roberto Campos. Adicione isso à sua formação acadêmica e à experiênci­a que adquiriu no mercado financeiro, e teremos aí os elementos de convicção para uma gestão serena e de credibilid­ade.

Os novos presidente­s do BB e da Caixa têm a missão de privatizar áreas dos bancos. O Bradesco tem interesse? Exemplo, área de Seguros?

O Bradesco sempre tem interesse em agregar valor ao seu negócio. Vamos olhar, claro.

Alguma satisfação especial em ver Joaquim Levy, que foi do Bradesco Asset, de volta ao governo federal?

Joaquim Levy é um homem culto, inteligent­e e técnico de excelência. Vai contribuir bastante para criar condições para a urgente volta dos investimen­tos.

O Bradesco foi atuante no último programa de privatizaç­ões, comprando a Vale. Há planos de atuar como protagonis­ta de novo? Acreditamo­s em foco. Fora do negócio bancário não há interesse. Os tempos são outros.

Qual é, a seu ver, o futuro do dinheiro? E o das agências bancárias?

O dinheiro não vai acabar, tampouco as agências bancárias. Mas vivemos um ciclo que exige sair da zona de conforto. Precisamos estar atentos em buscar inovação e soluções disruptiva­s.

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