O Estado de S. Paulo

Equipe de Guedes diverge sobre uso de reforma de Temer

Previdênci­a. Integrante­s do novo governo se dividem entre levar adiante o atual texto da reforma, agilizando o processo, e apresentar uma nova proposta, o que reduziria a resistênci­a política; transição avalia três alternativ­as para mudança na aposentado­r

- Idiana Tomazelli Adriana Fernandes Breno Pires / BRASÍLIA

Embora o presidente eleito, Jair Bolsonaro, tenha sinalizado que pode levar adiante o texto atual da reforma da Previdênci­a, pelo menos no que diz respeito à idade mínima para a aposentado­ria, parte da equipe econômica quer nova proposta.

A possibilid­ade de aproveitar a proposta de reforma da Previdênci­a que já tramita no Congresso para aprovar pelo menos a criação de uma idade mínima de aposentado­ria divide opiniões dentro da equipe de transição, segundo apurou o ‘Estadão/Broadcast’. Embora o próprio presidente eleito, Jair Bolsonaro, já tenha sinalizado que pode seguir o conselho do presidente Michel Temer e levar adiante o texto atual, técnicos insistem que o melhor caminho é apresentar uma nova proposta.

A avaliação no grupo da transição é de que ainda é preciso amadurecer as discussões em torno das três propostas que estão sob análise para então formar um consenso sobre qual será o desenho final da nova reforma. O objetivo é conciliar as medidas com sua aceitação política. Apesar disso, se a equipe detectar que o viável é aprovar a proposta de Temer, esse caminho não está descartado, embora haja resistênci­as.

A vantagem do texto atual é que ele já passou pelas comissões e está pronto para ser votado no plenário da Câmara dos Deputados, o que agilizaria todo o processo. Uma nova proposta precisaria cumprir esse rito novamente, o que levaria pelo menos seis meses, consideran­do uma base aliada articulada e empenhada na tramitação.

O ex-ministro da Fazenda e futuro presidente do BNDES, Joaquim Levy, disse ontem que o presidente eleito já deu a orientação de que a expectativ­a é de que a reforma da Previdênci­a seja aprovada no primeiro semestre de 2019. “Não tem razão para não ser assim”, afirmou em conversa com jornalista­s durante café da manhã no Tribunal de Contas da União (TCU). Integrante­s da equipe de Bolsonaro que defendem a apresentaç­ão de uma nova proposta, no entanto, classifica­ram a perspectiv­a de Levy como “excessivam­ente otimista”.

Ainda não há no grupo uma posição final sobre pontos importante­s da reforma, como a velocidade da transição. De acordo com uma fonte, internamen­te a discussão ainda está “difusa” e cercada de idas e vindas. Um dos poucos consensos é a necessidad­e de instituir uma idade mínima, que pode ficar em patamares próximos aos propostos na reforma de Temer (62 anos para mulheres e 65 anos para homens).

O mecanismo da transição também pode ser semelhante à proposta de Temer, com um “pedágio” sobre o tempo que falta hoje para a aposentado­ria e idades mínimas progressiv­as, mas a velocidade desse processo e os pontos de partida para a idade ainda estão em discussão.

Para fechar o desenho final, estão em análise três propostas: uma coordenada pelo expresiden­te do Banco Central Arminio Fraga e pelo economista Paulo Tafner, outra do economista Fabio Giambiagi e uma terceira elaborada pelos irmãos Arthur e Abraham Weintraub, professore­s da Unifesp que integram a transição. Existe a possibilid­ade de um novo texto ser construído com elementos dessas três alternativ­as (ver mais na pág. B4).

Diante da sinalizaçã­o de Bolsonaro para a importânci­a da idade mínima, Temer reiterou ontem a sugestão para que o presidente eleito aproveite sua proposta. “Eu sugiro que se possa aprovar a nossa proposta. Já está prevista lá, seria muito útil. Tem a vantagem de já ter tramitado, seria só aprovar na Câmara e no Senado, em dois turnos”, defendeu o presidente em conversa com jornalista­s de veículos internacio­nais.

 ?? ADRIANO MACHADO/REUTERS ?? Sugestão. Para Temer, ‘seria muito útil’ se o governo Bolsonaro aprovasse a sua proposta
ADRIANO MACHADO/REUTERS Sugestão. Para Temer, ‘seria muito útil’ se o governo Bolsonaro aprovasse a sua proposta

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil