O Estado de S. Paulo

Relatório do Coaf cita ex-secretária de Jair Bolsonaro

Nathalia Melo é filha de ex-PM que trabalhou com Flávio Bolsonaro e em cuja conta houve ‘movimentaç­ões atípicas’

- Fabio Serapião / BRASÍLIA Constança Rezende / RIO / COLABORARA­M MARIANNA HOLANDA, ANDREZA MATAIS e NAIRA TRINDADE

O Coaf, que apontou transações atípicas de Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio Bolsonaro, cita movimentaç­ões ent recontas dele edesu afilha, Nathalia Queiroz. Até omêsp assado, Natha lia estav alotada no gabinete do deputado JairBol sonar o.

O relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeira­s (Coaf) que apontou transações atípicas do policial militar Fabrício José Carlos de Queiroz, ex-assessor do deputado estadual fluminense Flávio Bolsonaro (PSL), cita movimentaç­ões entre contas dele e de sua filha, Nathalia Melo de Queiroz.

Nathalia era, até o mês passado, assessora lotada no gabinete do deputado federal e agora presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL). Queiroz atuou como motorista e segurança de Flávio Bolsonaro na Assembleia Legislativ­a do Rio (Alerj). O filho do presidente eleito vai assumir a partir do ano que vem uma cadeira no Senado.

Conforme revelou o Estado, o relatório do Coaf aponta transações anormais em uma conta em nome de Queiroz. Por ela, o então assessor movimentou R$ 1,2 milhão entre janeiro de 2016 e o mesmo mês de 2017. Uma das transações é um cheque de R$ 24 mil destinado a futura primeirada­ma Michele Bolsonaro.

Nathalia é citada em dois trechos do relatório. O documento não deixa claro os valores individuai­s das transferên­cias entre

ela e seu pai, mas junto ao nome de Nathalia está o valor total de R$ 84 mil. A filha do PM foi nomeada em dezembro de 2016 para trabalhar como secretária parlamenta­r no gabinete

de Bolsonaro na Câmara. No dia 15 de outubro deste ano ela foi exonerada, mesma data em que seu pai deixou o gabinete de Flávio, na Alerj. Nathalia recebeu em setembro, pelo gabinete de Jair, um salário de R$ 10.088,42.

O documento do Coaf que mapeou, a pedido do Ministério Público Federal (MPF), as movimentaç­ões financeira­s dos servidores da Alerj, foi anexado na investigaç­ão que deu origem à Operação Furna da Onça, que levou à prisão 10 deputados estaduais do Rio.

O MPF divulgou ontem nota na qual afirma que o relatório foi espontanea­mente difundido pelo Coaf em um processo de compartilh­amento de informaçõe­s entre os órgãos de investigaç­ão. “Como o relatório relaciona um número maior de pessoas, nem todos os nomes ali citados foram incluídos nas apurações, sobretudo porque nem todas as movimentaç­ões atípicas são, necessaria­mente, ilícitas”, afirmou o MPF.

Flávio Bolsonaro usou ontem o Twitter para defender o ex-funcionári­o. “Fabricio Queiroz trabalhou comigo por mais de dez anos e sempre foi da minha confiança”, escreveu o filho do presidente eleito. “Nunca soube de algo que desabonass­e sua conduta.” Queiroz disse que não iria se pronunciar. Nathalia não foi localizada. Procurado, o gabinete de Jair Bolsonaro não se manifestou.

O líder do PT na Câmara, deputado Paulo Pimenta (RS), ingressou hoje na procurador­iageral da República com representa­ção criminal pedindo para que seja instaurado procedimen­to de investigaç­ão para apurar “possíveis ilícitos criminais e administra­tivos” envolvendo o deputado estadual Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) e a futura primeira-dama da República, Michelle Bolsonaro”.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil