Nova regra para policiais divide Argentina
Uma resolução que favorece o uso de armas de fogo por forças de segurança na Argentina foi repudiada ontem por entidades de defesa dos direitos humanos e opositores, dividindo a coalizão do governo de Mauricio Macri. Por meio da resolução 956, a ministra de Segurança, Patricia Bullrich, derrubou uma série de limites ao uso de armas de fogo pela polícia.
Pela resolução, policiais poderão usar armas de fogo “quando sejam ineficazes outros meios não violentos”, e poderão disparar sem dar voz de prisão e sem sofrer agressão prévia. O uso de armas letais é válido em “defesa própria ou de outras pessoas, em caso de perigo iminente de morte ou de lesões graves”, diz o regulamento.
“Agora, eles poderão atirar quando antes só podiam quando o infrator disparava”, disse Bullrich, que saiu fortalecida após o sucesso da operação de segurança da cúpula do G-20 em Buenos Aires. O nome da ministra começa a surgir como uma possível companheira de chapa na reeleição de Macri à presidência, em 2019.
Ao anunciar a nova norma, o Ministério de Segurança criticou as regras anteriores, que limitavam o uso de armas de fogo aos guardas da Gendarmería Nacional Argentina (GNA) e policiais federais.
O analista Raúl Timerman, do Grupo de Opinión Pública, diz que a resolução é uma armadilha eleitoral para ganhar votos. “Se (os policiais) cometem um delito de ‘gatilho fácil’, vão presos. Mas o governo aparece se colocando do lado da polícia e das vítimas (do crime) e empurra a oposição a se colocar do lado dos delinquentes”, disse.
A Anistia Internacional pediu a Macri que revise a resolução, “que representa uma violação dos princípios internacionais de direitos humanos”, segundo a ONG. A deputada Myriam Bregman acusou o governo de tentar copiar uma promessa de campanha do presidente eleito do Brasil. “Bullrich quer imitar pateticamente Jair Bolsonaro”, disse a deputada.