Brasil prende autor de ataque de 1977 em Madri
Foragido desde 1994, espanhol Carlos García Juliá foi condenado a 193 anos de prisão por matar cinco pessoas na ‘Matança de Atocha’
O espanhol Carlos García Juliá, condenado na Espanha a 193 anos de prisão por ser um dos autores de um atentado contra um escritório de advocacia em Madri, em 1977, foi preso ontem em São Paulo por agentes da Polícia Federal (PF) a pedido da Interpol.
A superintendência da PF e policiais espanhóis que participaram da operação, que culminou com a prisão do terrorista de ultradireita, ainda darão detalhes sobre o caso e sobre a possível extradição de Juliá, de acordo com fontes da Embaixada da Espanha em Brasília.
O terrorista, de 65 anos, tinha
24 quando cometeu um atentado a tiros dentro de um escritório de advogados trabalhistas e de militantes do ainda ilegal Partido Comunista da Espanha. Cinco pessoas morreram.
Chamado na Espanha de “Matança de Atocha”, em referência à rua onde ficava o escritório, o massacre se transformou em um dos símbolos da transição à democracia na Espanha, quando faltavam dois meses para a legalização do Partido Comunista e cinco para a realização das primeiras eleições depois de quatro décadas de ditadura.
“A PF identificou que esse indivíduo estaria residindo no Brasil com identidade falsa e passou a investigar seu paradeiro por meio de seus policiais que atuam na Interpol. Iniciaram-se diligências para localizá-lo, tendo sido identificada uma possível residência na capital paulista. Ele foi identificado e preso no bairro da Barra Funda, em São Paulo”, informou a Polícia Federal.
As fontes da embaixada espanhola consultadas pela agência EFE não confirmaram se Madri havia solicitado a extradição do terrorista. No ano passado, o Ministério da Justiça da Espanha atualizou o pedido de extradição de Juliá. O documento tinha sido enviado ao governo da Bolívia, onde se supunha que ele estivesse vivendo.
O terrorista, que pertencia à Falange e a outros grupos ultradireitistas, estava foragido desde 1994, quando, após ter cumprido 14 anos de prisão, recebeu autorização para viajar para o Paraguai. A decisão foi revogada pouco depois, e a Espanha ordenou o retorno imediato de Juliá para que ele terminasse de cumprir a condenação. No entanto, ele desapareceu. Dois anos depois, ele foi detido na Bolívia, acusado de tráfico de drogas e de financiamento de grupos paramilitares.