O Estado de S. Paulo

OMS sugere limite de 50 km/h em ruas do País

Mais de 90 países já estabelece­m essa velocidade como a máxima; índice de acidentes de trânsito no Brasil é o dobro do registrado na Europa

- Jamil Chade / GENEBRA

Em um esforço para reduzir mortes em acidentes de trânsito, a Organizaçã­o Mundial da Saúde (OMS) sugere que autoridade­s brasileira­s reduzam o limite de velocidade nas cidades para 50km/h. Hoje, a entidade das Nações Unidas lança em Genebra seu novo informe sobre acidentes do tipo e alerta que, apesar de uma queda ter sido registrada no País, as taxas ainda são elevadas.

“O Brasil é um dos países que está fazendo progresso e há consciênci­a sobre o tema. Mas muito mais precisa ser feito”, afirma Etienne Krug, diretor do Departamen­to de Doenças Não Transmissí­veis da OMS. “Os números continuam muito altos e medidas precisam ser tomadas. Uma delas é reduzir o limite de velocidade para 50km/h.”

Mais de 90 países já fixam 50 km/h como limite em seus centros urbanos. Outras 36 nações preveem 60 km/h. Segundo o Código Brasileiro de Trânsito, a velocidade máxima prevista para vias urbanas é 80 km/h. Órgãos locais de trânsito com jurisdição sobre as vias, contudo, podem regulament­ar limites superiores ou inferiores.

Oficialmen­te, foram cerca de 38 mil mortes no trânsito em 2016 no Brasil. Mas a OMS estima que o número mais perto da realidade seja de 41 mil. Em 2015, segundo dados do governo, eram 18,3 mortes por 100 mil habitantes. A taxa é duas vezes maior que a média na Europa, com nove mortes para cada cem mil moradores.

Para Etienne Kru, a redução de acidentes na União Europeia ocorreu depois que novos limites foram estabeleci­dos. Em locais perto de escolas, a velocidade foi estabeleci­da em 30 km/h.

Desde 2015, a Prefeitura de São Paulo tem intensific­ado as ações para reduzir o limite de velocidade nas ruas. Em boa parte das vias arteriais, o máximo permitido é de 50 km/h. Nas Marginais do Pinheiros e do Tietê, as velocidade­s foram reduzidas em 2015, na gestão Fernando Haddad (PT). Mas foram novamente aumentadas quando

assumiu o ex-prefeito, e agora governador eleito, João Doria (PSDB). Nas pistas locais, o limite é 60 km/h; nas centrais, 70 km/h; e nas expressas, 90 km/h.

Em setembro, o governo federal apresentou o Plano Nacional de Redução de Mortes e Lesões no Trânsito, com objetivo de reduzir pela metade o total de acidentes no trânsito em dez anos. Metas anuais para cada Estado serão definidas pelo Conselho Nacional de Trânsito.

Segundo levantamen­tos de órgãos de trânsito, excesso de velocidade, embriaguez ao volante e desobediên­cia à sinalizaçã­o estão entre os motivos mais comuns para acidentes.

Problema global. No planeta, acidentes de trânsito já são os principais responsáve­is pelos óbitos de crianças e jovens entre 5 e 29 anos. Por ano, há 1,35 milhão de mortes – a dificuldad­e em reduzir ocorrência­s do tipo é maior nos países pobres, segundo a OMS. Além da redução da velocidade, a entidade sugere leis duras contra bebidas, uso de cintos, capacetes, construção de calçadas e faixas dedicadas a ciclistas, além de melhor tecnologia nos carros.

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