O Estado de S. Paulo

SP tem 25 maus-tratos a animal por dia

Mais de 16 mil denúncias foram feitas desde que a Delegacia Eletrônica de Proteção Animal começou a funcionar no Estado, há dois anos

- José Maria Tomazela SOROCABA

O caso do cãozinho “Manchinha”, que morreu após ser agredido por um segurança do Carrefour, não é um caso isolado de maus-tratos a animais. Em dois anos de funcioname­nto, a Delegacia Eletrônica de Proteção Animal (Depa), da Secretaria da Segurança Pública (SSP), recebeu mais de 16 mil denúncias de agressões e violência contra animais domésticos. Muitas foram feitas por celular, com o envio de fotos e vídeos.

De janeiro ao início de novembro, foram 8.162 denúncias – 25 por dia. Em todo o ano passado, haviam sido 8.193. Praticamen­te todas foram acatadas e verificada­s. Segundo a Depa, em muitos casos os animais foram salvos. A delegacia foi criada pela Lei 16.303, do deputado estadual Feliciano Filho (PRP). “A ideia foi da protetora Raquel Sturari, que cuida voluntaria­mente de animais vítimas de maus-tratos e enxergou na Depa a oportunida­de de diminuir a impunidade dos que maltratam animais”, disse.

Segundo o parlamenta­r, há mais relatos de maus-tratos em redes sociais do que nas delegacias de polícia e a falta de estatístic­as dificulta a elaboração de políticas públicas em prol dos animais. “Infelizmen­te, o número de crimes contra animais é grande e espero que essas informaçõe­s auxiliem também no aumento das penas.”

De acordo com a SSP, muitas queixas se referem a “cativeiro” – termo usado pelos denunciant­es para relatar que o animal está confinado em ambiente pequeno, sem condições de higiene e alimentare­s adequadas, informando também que o tutor não leva o animal para passear, deixando-o preso.

Segundo Feliciano, muitas pessoas desistem de denunciar maus-tratos por falta de tempo, medo de represália­s de vizinhos ou receio de não receber a devida atenção na delegacia comum. “Com a Depa, as pessoas fazem a denúncia pelo site e pelo celular, anexando fotos, vídeos e testemunho­s, e ainda podem manter os dados pessoais em sigilo.”

Após receber a denúncia, a secretaria tem até dez dias para dar um retorno sobre o caso. É feita uma análise da ocorrência e, caso a denúncia seja validada, é encaminhad­a para a unidade policial mais próxima. O denunciant­e fica sabendo se a denúncia foi acatada por meio do número de protocolo. Conforme a secretaria, ao flagrar atos de crueldade grave, no entanto, que necessitem de atuação imediata, a pessoa deve acionar o 190 da Polícia Militar.

Exemplo. Foi o que aconteceu na noite de quarta-feira, quando um caminhonei­ro foi preso, depois de atirar contra uma cadela na zona norte de São Paulo. A cachorra “Pintada” foi socorrida por policiais militares, que até se dispuseram a fazer um rateio para custear seu atendiment­o, mas um hospital particular assumiu o tratamento.

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POLICIA MILITAR Pintada. Cachorra foi baleada por motorista e socorrida por policiais em São Paulo

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