O Estado de S. Paulo

PALÁCIO ENFIM É DO RIO. APÓS 123 ANOS

- /TEO CURY

OSuperior Tribunal de Justiça (STJ) julgou ontem um processo que tramita há 123 anos. Naquele que é considerad­o o mais antigo recurso judicial do País, a família Orleans e Bragança reivindica a posse do Palácio Guanabara, na zona sul do Rio. A Corte definiu que o imóvel, atual sede do governo fluminense, pertence à União e não cabe indenizaçã­o à família imperial.

Desde 1895, os descendent­es dos Orleans e Bragança alegam na Justiça que o governo brasileiro não os indenizou pela tomada do palácio, logo após a Proclamaçã­o da República, em novembro de 1889. Em 123 anos de tramitação, já houve várias decisões e reviravolt­as na Justiça, incluindo a reabertura do caso, após o processo ter sido encerrado na década de 1960.

Os recorrente­s, agora, são herdeiros da Princesa Isabel e do seu marido, Conde d’Eu. Eles alegam que o decreto presidenci­al proibindo a família da Princesa Isabel de possuir imóveis no Brasil não estabelece­u pena de confisco.

Por 4 votos a zero, a Quarta Turma do STJ manteve o entendimen­to de que a família tinha o domínio para uso e habitação, mas que a propriedad­e sempre foi do Estado. Os recursos discutiam se o palácio estava incluído entre os bens privados da família imperial na Proclamaçã­o da República ou se era bem público destinado só à moradia, finalidade que teria perdido com a queda da monarquia. Ainda cabe recurso.

História. O palácio foi erguido em 1853 por um comerciant­e português. Na 1.ª metade do século 20, o imóvel também serviu de residência presidenci­al.

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