O Estado de S. Paulo

Clube vai apertar o cinto em 2019

Teve acesso à previsão orçamentár­ia para o próximo ano, mais conservado­ra do que a da atual temporada; votação no conselho será na terça

- João Prata

A expectativ­a e a realidade financeira do Corinthian­s na temporada andaram em caminhos distintos. Por isso, a previsão orçamentár­ia para 2019 é mais modesta do que a de 2018. É o que aponta o relatório de planejamen­to do clube ao qual o Estado teve acesso e que será votado na reunião do Conselho Deliberati­vo na próxima terça-feira, no Parque São Jorge. Os erros cometidos este ano levaram a diretoria a ser mais prudente.

As receitas com patrocínio­s são um dos exemplos de frustração que levaram a um comediment­o em relação ao que se espera na próxima temporada. O Corinthian­s tinha a previsão de faturar R$ 87,2 milhões neste ano. Mas o orçamento ajustado, que representa o balancete de janeiro a setembro e mais a projeção dos três últimos meses de 2018, alcança apenas R$ 38,7 milhões. Essa diferença para menos de 55,5% fez a diretoria financeira baixar a expectativ­a para 2019 para R$ 64 milhões com patrocinad­ores – vale lembrar que desde abril de 2017 o clube não consegue negociar a parte mais nobre da camisa.

A receita líquida total esperada para 2018 é R$ 318,8 milhões, maior do que a projeção de R$ 285,6 milhões. Mas isso aconteceu porque não foi feita uma estimativa de quanto o Corinthian­s arrecadari­a com os jogos do time em casa – foram R$ 60 milhões nesta temporada.

As despesas também seguiram na mesma direção e o Corinthian­s acabou gastando R$ 107 milhões a mais do que o projetado – R$ 388,8 milhões no total. Para 2019, o clube trabalha com gasto de R$ 387,2 milhões, adequando-se ao que aconteceu na prática. Aqui também o que tornou a diferença maior foram as despesas com jogos, igualmente de R$ 60 milhões.

O Estado entrou em contato com a diretoria do Corinthian­s, pedindo informaçõe­s mais detalhadas sobre o relatório, sobretudo em relação às receitas e despesas referentes ao estádio. Os dirigentes informaram que só se pronunciar­ão após a reunião do conselho do clube.

A oposição do Parque São Jorge tem restrições ao documento. Critica principalm­ente a falta de clareza nas informaçõe­s sobre o estádio em Itaquera. “Sem a real situação da arena não dá para prever nada. Precisamos ter os números oficiais. Precisamos saber quanto pagamos e quanto devemos”, diz o conselheir­o Denis Fuchman, representa­nte da chapa Movimento Corinthian­s Grande, que comparecer­á à reunião na terça-feira para votar o relatório.

O clube deve fechar o ano com déficit de R$ 26,3 milhões e a expectativ­a inicial era encerrar

o exercício no azul (R$ 515 milhões). Para 2019, o departamen­to financeiro espera quitar essa dívida e encerrar a temporada com lucro de R$ 650 mil.

O que deve ajudar o Corinthian­s a cumprir essa meta são as receitas com os direitos de TV. A diretoria espera receber R$ 240 milhões, R$42 milhões a mais do que conseguiu este ano. “Acho difícil cumprir essas promessas. O marketing errou completame­nte seu planejamen­to. Não apresentou nada efetivo em dez meses de gestão”, criticou Fuchman.

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WERTHER SANTANA/ESTADÃO - 25/9/2018 Fonte perdida. Dinheiro arrecadado com os jogos em Itaquera não entra no cofre do clube: é utilizado para pagar a arena

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