O Estado de S. Paulo

Projeto educativo da Bienal é destaque

Mais uma chance para conferir a 33ª edição da Bienal de São Paulo, que fecha suas portas neste fim de semana

- Guilherme Sobota

A 33.ª edição da Bienal de São Paulo – que sem um tema previament­e escolhido foi definida pelas noções de “afeto” e “atenção” – vai chegando ao fim: este é o último fim de semana que a maior exposição de arte contemporâ­nea da América Latina fica aberta no Pavilhão do Parque Ibirapuera. Uma programaçã­o de “ativações” das obras será cumprida até o domingo, dia 9 (é possível entrar até as 18h), quando a Bienal fecha até 2020. A entrada é gratuita.

Números oficiais de público e outros dados só devem ser divulgados após o fechamento das exposições.

A superinten­dente executiva da Fundação Bienal, Luciana Guimarães, explica que um plano recente da instituiçã­o é sistematiz­ar informaçõe­s e dados colhidos antes e durante a Bienal para balizar o processo de avaliação posterior – uma pesquisa é feita no local com o público visitante, mas também com os profission­ais envolvidos no evento –, processo realizado pela equipe permanente da Bienal (hoje, são 59 pessoas).

“Fazemos reuniões periódicas de avaliação sobre vários aspectos, desde as publicaçõe­s até a expografia, e agora garantimos que uma série de informaçõe­s e dados esteja à disposição da próxima mostra”, afirma. “Há cerca de 10 anos, uma nova equipe assumia a cada edição da Bienal, então esse acúmulo se perdia. Um corpo permanente de funcionári­os ajuda muito nesse sentido.” A intenção é melhorar a “qualidade da experiênci­a” dos visitantes.

Para a superinten­dente, um dos destaques dessa edição foi o sucesso dos “exercícios de atenção” propostos pelo projeto educativo da Bienal.

O projeto deixava disponívei­s cartas com, se não instruções, caminhos possíveis para apreciar as obras de arte com mais atenção e assim proporcion­ar um entendimen­to melhor e uma experiênci­a melhor. As cartas propõem processos de identifica­ção e registro das obras, que vão desde perceber a superfície dos objetos até praticar um movimento corporal a partir daquela expressão artística, por exemplo.

“Vimos a potência desses exercícios de atenção, do espírito de dedicar tempo às obras, se fazer perguntas e desestigma­tizar o aspecto ‘difícil’ da arte contemporâ­nea”, explica a superinten­dente – os exercícios, disponívei­s para qualquer visitante da Bienal, foram ao longo dos últimos meses oferecidos para equipes que trabalham no parque, como na jardinagem e limpeza, e também para grupos organizado­s que poderiam ser de colecionad­ores de arte ou psicanalis­tas experiente­s.

Para a superinten­dente, os exercícios conversara­m diretament­e com a questão muito contemporâ­nea do intervalo de atenção rarefeito.

Faz parte do mesmo movimento a intenção da Bienal se conectar de maneira mais profunda com o parque em que está situada, segundo Guimarães. “Não ter catracas na entrada, colocar o guarda-volumes para fora do Pavilhão, criar um ambiente mais favorável ao ecossistem­a em que a Bienal está envolvida, tudo isso faz muita diferença”, analisa. “Foram opções que implantamo­s na edição passada e decidimos manter nessa, na expectativ­a de ampliar o público e o conforto dele.”

Para ela, ajustes como esse, que podem ser simbólicos, contribuem no desafio de tornar a

arte contemporâ­nea acessível.

Programaçã­o. Uma série de atividades e performanc­es faz parte da agenda dos últimos dias da Bienal de São Paulo. Sábado (11h30) e domingo (16h30), o artista francês Tal Isaac Hadad faz sua performanc­e Récital for Masseur (Recital para um massagista), em que usa corpos de pessoas (músicos e pré-inscritos) como instrument­os musicais, no 1.º piso; às tardes, nos dois dias, sob curadoria de Sofia Borges, um grupo de mulheres interage artisticam­ente com uma obra de Tunga; no sábado, às 19h, músicos da Camerata Aberta da Cultura Artística se apresentam instalados na obra de Alejandro Corujeira.

 ?? JF DIORIO/ESTADÃO ?? Tunga. Obra do escultor no espaço de curadoria de Sofia Borges recebe performanc­e artística no fim de semana
JF DIORIO/ESTADÃO Tunga. Obra do escultor no espaço de curadoria de Sofia Borges recebe performanc­e artística no fim de semana
 ?? RICK HALL ?? Feliciano Centurión. Trabalhos com tecido e costura
RICK HALL Feliciano Centurión. Trabalhos com tecido e costura

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