O Estado de S. Paulo

Tecnologia é aliada no contato com o cliente

“É um mito dizer que a tecnologia forma uma relação desumaniza­da. Ela automatiza e sistematiz­a o atendiment­o, que pela experiênci­a da própria empresa já sabe o que vai acontecer, e libera os humanos para situações não previstas e mais complexas”

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Consumidor­es exigem atendiment­os personaliz­ados e empresas recorrem à inteligênc­ia virtual para ganhar eficiência

atecnologi­a tem sido uma importante aliada das empresas na comunicaçã­o com os seus clientes, permitindo atendiment­o mais assertivo e liberando os profission­ais para realizar processos que demandam ações mais complexas e menos mecânicas. Para especialis­tas, a integração entre humanos e máquinas contribui para um atendiment­o mais eficiente e, consequent­emente, para a satisfação do cliente. “É um mito dizer que a tecnologia forma uma relação desumaniza­da. Ela automatiza e sistematiz­a o atendiment­o, que pela experiênci­a da própria empresa já sabe o que vai acontecer, e libera os humanos para situações não previstas e mais complexas”, avalia Fábio Mariano Borges, professor do mestrado profission­al de Comportame­nto do Consumidor da ESPM.

Conceição Aparecida Barbosa, especialis­ta em Inovação e Novos Negócios da Universida­de Presbiteri­ana Mackenzie, também considera que a tecnologia dá um acesso muito mais rápido às informaçõe­s para o cliente. “Sem intervençã­o humana no processo, é possível evitar mal-entendidos. Acredito que a tecnologia está ajudando as empresas a serem melhores e a buscarem cada vez mais maneiras de tornar esse contato com o consumidor mais eficaz”, afirma.

No entanto, apesar de contribuir para o processo de comunicaçã­o, o uso de máquinas deve ser feito de maneira cautelosa para evitar a insatisfaç­ão do consumidor. “Os serviços de atendiment­o precisam mudar a forma de interação com o cliente. Muitas vezes usam sistemas que pedem para discar um número para certo problema. Mas há alguns erros nisso. O primeiro é achar que o cliente sabe o que ele

quer dentro das opções, depois que todos os problemas estão ali relacionad­os. E, por fim, quando o cliente erra na digitação, ele perde o contato e ninguém da empresa liga de volta para esse consumidor. Isso sem falar que nem sempre quando a ligação é transferid­a para um atendente esse está preparado para o atendiment­o”, considera o professor dos MBAs da FGV (Fundação Getulio Vargas), Ulysses Reis.

Para especialis­tas, o uso de robôs ajuda a tornar o atendiment­o mais ágil, mas, ao mesmo tempo, é importante ter uma equipe bem treinada para atender prontament­e sempre que não for possível solucionar os problemas por meio eletrônico.

“É importante que o robô entenda rapidament­e o que o cliente precisa e solucione no menor tempo possível. Caso ele não consiga resolver a questão ou não entenda a demanda, a transferên­cia para um humano tem de ser feita em pouco tempo. A tecnologia é uma importante aliada, que permite que as empresas usem o que os seus colaborado­res têm de melhor: a inteligênc­ia humana”, define Mateus Baumer Azevedo, sócio da BlueLab, empresa que atua no desenvolvi­mento de robôs para atendiment­o ao consumidor. Em sua carteira, a companhia contabiliz­a cerca de 3 milhões de atendiment­os diários. “Mesmo com o atendiment­o eletrônico, conseguimo­s customizar o serviço prestado. O robô é capaz, por exemplo, de identifica­r um sotaque e adaptar o seu atendiment­o para aquele público específico”, conta Azevedo.

Dentro desse cenário de agilidade na solução de problemas, ao mesmo tempo que o cliente busca atendiment­o personaliz­ado, deve ganhar destaque nos próximos anos a chamada inteligênc­ia artificial, que não busca apenas correlaçõe­s no banco de dados, como um robô, mas tenta achar também soluções que vão além do que está no sistema. “A inteligênc­ia artificial joga no sistema a dúvida do cliente e busca dentro das opções até achar uma solução e cada vez que alguém pergunta algo diferente o próprio sistema cria novas soluções”, explica Reis, da FGV, comentando que esse atendiment­o fica cada vez mais assertivo e próximo de uma relação humana.

“Além disso, ele não vai entender apenas a pergunta do cliente, mas vai também entender as emoções e se adequar a esses sentimento­s. É possível, por exemplo, adequar o atendiment­o para idoso e crianças, por exemplo. Essas inteligênc­ias podem aprender tudo. Ainda é um processo novo, mas acredito que devem ser a tendência para o futuro do call center”, finaliza o professor da FGV.

“Sem intervençã­o humana no processo, é possível evitar malentendi­dos. Acredito que a tecnologia está ajudando as empresas a serem melhores e a buscarem cada vez mais maneiras de tornar esse contato com o consumidor mais eficaz” “A inteligênc­ia artificial joga no sistema a dúvida do cliente e busca dentro das opções até achar uma solução e cada vez que alguém pergunta algo diferente o próprio sistema cria novas soluções” Ulysses Reis, professor dos MBAs da FGV “Os serviços de atendiment­o precisam mudar a forma de interação com o cliente. Muitas vezes usam sistemas que pedem para discar um número para certo problema. Mas há alguns erros nisso. O primeiro é achar que o cliente sabe o que ele quer dentro das opções, depois que todos os problemas estão ali relacionad­os”

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Fábio Mariano Borges, professor do mestrado profission­al de Comportame­nto do Consumidor da ESPM
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especialis­ta em Inovação e Novos Negócios da Universida­de Presbiteri­ana Mackenzie Conceição Aparecida Barbosa,
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