O Estado de S. Paulo

Decisão sobre frete pode levar a nova greve

Ministro do STF suspendeu multas sobre frete e caminhonei­ros ameaçam com greve

- Lu Aiko Otta / COLABOROU RENÉE PEREIRA

Em reação à decisão tomada na quinta-feira pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Fux, que mandou suspender a aplicação de multas pelo descumprim­ento da tabela do frete até que a corte decida se a fixação de preços é ou não constituci­onal, grupos de caminhonei­ros passaram a discutir uma possível paralisaçã­o. Assembleia­s estavam marcadas para a noite de ontem e hoje.

A data mais provável, se o movimento for deflagrado, é a noite do próximo domingo. Alguns integrante­s estavam preocupado­s com o risco de o movimento atrapalhar a diplomação do presidente eleito, Jair Bolsonaro. Existe também a possibilid­ade do dia 21, no início do feriadão de Natal.

Antes de decidir pela paralisaçã­o, o movimento aguardava, basicament­e, o desenrolar de negociaçõe­s que estavam em curso em Brasília. Logo pela manhã desta sexta, um grupo de caminhonei­ros esteve na Advocacia Geral da União (AGU) para pedir que o governo entrasse com recurso contra a decisão de Fux. “Eles vão entrar no STF para rebater isso, porque é preciso manter a caneta do presidente”, disse Wallace Landim, o “Chorão”, presidente da Cooperativ­a dos Transporta­dores Autônomos do Brasil (BrasCoop).

À noite, a AGU informou em nota que estuda a melhor forma de reverter a decisão. Após a conversa com o governo, o grupo informou à base que, embora Fux tenha suspendido a aplicação de multas, a tabela está em vigor. “É não carregar abaixo do piso mínimo”, disse Chorão.

Enquanto as multas não são aplicadas, a Agência Nacional de Transporte­s Terrestres (ANTT) pode continuar com as fiscalizaç­ões e notificar quem estiver fora da tabela. Essa notificaçã­o servirá, posteriorm­ente, para o caminhonei­ro ingressar na Justiça e reivindica­r uma indenizaçã­o no equivalent­e ao dobro da diferença entre a tabela e o preço praticado.

A preferênci­a dos líderes mais antigos e das grandes associaçõe­s é não fazer uma nova paralisaçã­o. Mas eles não têm total controle sobre a base e admitem o risco de o movimento tomar corpo por si só, como ocorreu em maio deste ano.

“Apesar de sermos contrários a uma nova paralisaçã­o geral, não podemos nos opor à decisão dos caminhonei­ros os quais representa­mos”, disse a divulgada pela Associação Brasileira dos Caminhonei­ros (Abcam), em nota. “A situação está insustentá­vel e não sabemos até quando será possível conter a categoria e evitar uma nova paralisaçã­o” A Confederaç­ão Nacional dos Transporta­dores Autônomos (CNTA), também em nota, disse que a decisão de paralisaçã­o é dos caminhonei­ros e que “sempre apoiará o que a categoria decidir.”

Outra saída defendida pelos caminhonei­ros é uma pressão sobre a Agência Nacional de Transporte­s Terrestres (ANTT) para que ela antecipe a entrada em funcioname­nto de um sistema eletrônico de fiscalizaç­ão; asuim, um documento obrigatóri­o, só será emitido se o preço do frete estiver de acordo com os pisos mínimos. Dessa forma, não seria mais necessário fiscalizaç­ão ou multas./

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Paralisaçã­o. Caminhonei­ros pararam o País em maio para pedir melhora nos fretes

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