O Estado de S. Paulo

‘Índio não será evangeliza­do’, diz futura ministra

- BRASÍLIA / A.B.

A pastora evangélica Damares Alves, futura ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, negou ontem que tenha planos de “evangeliza­r” os povos indígenas. Ela disse, no entanto, que haverá uma “mudança radical no tratamento com os isolados da Amazônia, respeitand­o tudo de bom que já tem sido feito por eles e com eles”.

Damares terá em sua pasta a Fundação Nacional do Índio (Funai), antes subordinad­a ao Ministério da Justiça. Em entrevista ao Estado, ela afirmou que não vai misturar religião com sua atuação na pasta. “Essa afirmação de evangeliza­ção dos índios é absurda. Quem está assumindo esse Ministério é uma advogada e militante dos Direitos Humanos. A pastora fica lá na igreja, no domingo”, disse. “Se eu encontrar uma missão cristã, seja ela católica ou evangélica, em uma área indígena cometendo irregulari­dades, serei eu a primeira a ir lá e expulsar de lá.”

Sobre os povos isolados, cujas práticas de proteção estão em vigor desde os anos 1980, ela disse que “questiona” a política atual. “Vamos trazê-los para o protagonis­mo. Não é porque estão isolados, que estão esquecidos e deixados a cuidados de ONGs. Quem vai assumir o cuidado desse povo isolado é o Estado.”

Damares evitou detalhar opiniões sobre demarcaçõe­s de terras, sob a justificat­iva de que ainda vai conhecer a agenda de outros ministério­s sobre as questões indígenas. “Temos áreas de muitos conflitos, mas eu acredito na força do diálogo também. Todo mundo vai ter que ceder. Mas que fique claro: em todas as disputas eu vou estar do lado do índio. Não vou estar do lado de antropólog­o, nem de ONG, estarei do lado do índio”, afirmou.

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