O Estado de S. Paulo

Discussão é ‘problema interno’ do partido, reage Maia

Presidente da Câmara evita falar sobre troca de mensagens entre eleitos pelo PSL, nas quais seu nome é citado

- TURTELLI / M.F., C.F. e CAMILA

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEMRJ), disse ontem que “não tem que se meter” na discussão sobre a troca de mensagens em grupos privados dos novos deputados da bancada do PSL, no qual seu nome foi citado como alguém que poderia dar andamento a “pautas-bomba” que poderiam prejudicar o próximo governo. Segundo Maia, tratase de “um problema interno do PSL”. “Não tenho que me meter nisso”, afirmou.

Anteontem, durante uma discussão no grupo de WhatsApp sobre a atuação política da bancada eleita e ainda não empossada do PSL, o deputado reeleito Eduardo Bolsonaro (RJ) disse que recebeu ordens de seu pai, o presidente eleito, Jair Bolsonaro, para conduzir articulaçõ­es na Câmara apenas nos bastidores. Segundo o deputado, o cuidado de Bolsonaro seria para não irritar o presidente da Câmara, que, segundo ele, poderia acelerar a aprovação das chamadas “pautas-bomba” na Casa. A mensagem foi enviada em meio à discussão sobre o protagonis­mo dos parlamenta­res eleitos pelo PSL na articulaçã­o política do próximo governo – o que tem incomodado os filhos do presidente eleito. Correligio­nários ouvidos pelo Estado confirmara­m o teor das conversas. Evento. Ao participar ontem de um evento em São Paulo, Maia afirmou que não leu sobre o assunto. “Não tive a oportunida­de de ler. Saí muito cedo hoje”, disse, na saída de evento organizado pela Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim). Questionad­o se espera receber apoio do PSL, que elegeu 52 deputados, para uma futura candidatur­a à reeleição, Maia negou intenção em concorrer à presidênci­a da Casa. “Não sou candidato”, disse.

Segundo ele, o assunto só será discutido “quando entender que tenho as condições para disputar mais uma eleição”. De acordo com Maia, seu foco agora está na aprovação de pautas importante­s que estão em tramitação. “Aí sim, depois que terminar essas votações, a gente começar a pensar na próxima candidatur­a”, afirmou.

Reunião. Após o clima interno no PSL esquentar por causa da revelação do teor das discussões internas, Bolsonaro deve se reunir com a bancada eleita na próxima quarta-feira no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), em Brasília, onde se concentra o governo de transição. As disputas recentes devem entrar no debate do encontro, embora não tenham sido o motivo da agenda, segundo os correligio­nários ouvidos pelo Estado.

O vice-líder do partido na Câmara, Delegado Waldir (PSLGO), escalado por Bolsonaro para a articulaçã­o política na Casa, negou que a reunião fosse marcada por causa da discussão interna. Segundo ele, o encontro já estava marcado “há muito tempo”, e faz parte das rodadas de reuniões que Bolsonaro tem feito com as bancadas partidária­s do Congresso.

O presidente eleito deve ainda se reunir com outras legendas durante a semana, como o DEM, que já tem três ministros garantidos no novo governo. “Eu convoquei os eleitos bem antes disso e também não há nada demais nas conversas, os debates são normais”, afirmou Waldir.

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DANIEL TEIXEIRA/ESTADÃO-4/8/2018 Deputado. Rodrigo Maia diz que não é candidato à reeleição

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