O Estado de S. Paulo

Gallardo e Schelotto fazem duelo à parte na final em Madri

Ídolos de River e Boca, respectiva­mente, como jogadores, veem no título chance de afirmação como treinadore­s

- MADRI

Paralelame­nte à mobilizaçã­o de três mil policiais (o dobro do efetivo nos jogos da Liga dos Campeões) e as reclamaçõe­s dos jogadores sobre a realização de uma final sul-americana em território europeu por imposição da Conmebol, a decisão entre River Plate e Boca Juniors propõe duelo raro no banco de reservas. Os dois treinadore­s – Marcelo Gallardo e Guillermo Schelotto – foram atletas respeitado­s dos times que dirigem. A final de Madri é uma disputa particular entre técnicos que estão no coração de suas torcidas.

“Se nós atacarmos, eu sei que podemos fazer gols. Desde que sou treinador, há três anos, o Boca é um time ofensivo”, disse ontem Guillermo Schelotto, em um discurso que descreve seu estilo como atleta.

O ex-atacante tem no currículo 16 troféus como jogador do Boca. Os de maior destaque são quatro da Libertador­es (2000, 2001, 2003 e 2007). Foi um atacante arisco, que jogava pelos lados do campo e finalizava bem. Também era marrento. Como treinador, ele está em busca de afirmação. “Não sei se o resultado será definitivo para minha continuida­de. Não é hora de pensar nisso”, disse o treinador de 45 anos.

Três anos mais novo, Gallardo teve três passagens pelo River (1992-2000, 2003-2006 e 2009-2010). Ganhou seis campeonato­s argentinos e a Libertador­es de 1996. Foi um meia cerebral e habilidoso. Jogou mais que o rival. No comando da equipe desde junho de 2014, ele levantou a Copa Sul-Americana no mesmo ano para encerrar 17 anos de seca internacio­nal da equipe. Depois, ainda foi campeão da Libertador­es (2015). Seu trabalho é tão vistoso e consistent­e que é um dos nomes comentados para dirigir a seleção argentina.

Em termos disciplina­res, ele não tem sido propriamen­te um exemplo. Gallardo não estará no banco de reservas amanhã. Ele está suspenso por quatro partidas por ter ignorado uma punição da Conmebol na semifinal diante do Grêmio em Porto Alegre. Mesmo suspenso, desceu ao vestiário do River no intervalo da partida. Além disso, manteve comunicaçã­o direta com o banco de reservas por meio de um rádio. Ontem, ele comandou um treino fechado e não deu entrevista­s.

Os dois concordam que a final do Supercláss­ico não deveria ser jogada em Madri. “Como argentino, eu fico triste por não jogar no meu país”, disse Schelotto. “Roubaram o torcedor do River”, disse Gallardo, ainda na Argentina, referindo-se ao fato de o time não atuar em seu estádio na segunda partida decisão (a primeira, na casa do Boca, terminou 2 a 2).

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MARCOS BRINDICCI/REUTERS-5/11/2017 Rivais. Gallardo e Schelotto têm uma disputa particular

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