O Estado de S. Paulo

Dependênci­a maior do mercado interno

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Novembro costumava ser um mês bom para a produção da indústria automotiva, tanto que ela cresceu no mês 13,7% em 2017 e 26% em 2016. Mas este ano foi diferente. Em novembro de 2018 foram fabricados 245,1 mil veículos, registrand­o-se queda de 6,8% em relação a outubro e de 1,6% em comparação com o mesmo mês de 2017, segundo dados informados pela Associação Nacional de Fabricante­s de Veículos Automotore­s (Anfavea).

O recuo está diretament­e ligado à crise na Argentina, que obrigou o governo do país vizinho a tomar duras medidas de austeridad­e para conter a depreciaçã­o de sua moeda. A situação poderia ter sido pior se não fosse o aqueciment­o da demanda interna, favorecida pela elevação do crédito para a compra de veículos, a juros considerad­os razoáveis.

Contudo, não se pode dizer que este tenha sido um ano mau para a indústria. De janeiro a novembro, a produção já alcança 2,7 milhões de unidades, um cresciment­o de 8,8% em confronto com idêntico período do ano passado. Apesar disso, dificilmen­te será cumprida a meta de cresciment­o de 11,1% da produção em 2018, como previa a Anfavea. A desacelera­ção levou à demissão de 120 trabalhado­res, mas o saldo do emprego no setor continua positivo, com a criação de 3.260 vagas nos últimos 12 meses findos em novembro. Algumas indústrias já resolveram dar férias coletivas a seus empregados.

As perspectiv­as para 2019 são boas para o setor, com a continuida­de do processo de retomada da economia. Não se deve deixar de notar que a indústria se compromete­u a agregar novos avanços tecnológic­os em razão dos benefícios com que passou a contar com a aprovação do programa Rota 2030. O programa prevê a concessão de R$ 1,5 bilhão de créditos tributário­s aos fabricante­s que investirem ao menos R$ 5 bilhões em pesquisa e desenvolvi­mento ao longo dos próximos anos, com vistas, principalm­ente, à maior eficiência energética e segurança dos veículos produzidos.

É de esperar, portanto, que a indústria automotiva instalada no Brasil ganhe mais competitiv­idade tanto para fazer face à concorrênc­ia dos importados no mercado interno quanto para ter condições de disputar novos mercados no exterior, de modo a compensar os efeitos da crise na Argentina, que normalment­e absorve 70% das vendas externas brasileira­s de veículos.

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