O Estado de S. Paulo

Conta de Michelle é como se fosse minha, diz Bolsonaro

Presidente eleito reitera que recursos depositado­s na conta de mulher são parte de dívida e admite arcar com sua ‘responsabi­lidade perante o Fisco’

- Renata Batista

Presidente eleito assumiu a responsabi­lidade pelos recursos depositado­s na conta de sua mulher, Michelle, pelo PM Fabrício Queiroz.

O presidente eleito, Jair Bolsonaro, disse ontem que assume a responsabi­lidade por recursos depositado­s na conta de sua mulher e futura primeira-dama, Michelle Bolsonaro, pelo policial militar Fabrício José Carlos de Queiroz, ex-assessor de seu filho, o deputado estadual e senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL). Em um relatório sobre movimentaç­ões atípicas de funcionári­os da Assembleia Legislativ­a do Rio (Alerj), o Conselho de Controle de Atividades Financeira­s (Coaf) identifico­u um depósito de R$ 24 mil de Queiroz para Michelle.

Bolsonaro reafirmou ontem que o montante é parte de uma dívida que Queiroz tinha com ele. Conforme o presidente eleito, o pagamento foi feito em dez cheques de R$ 4 mil.

Ele disse, contudo, que montante não foi declarado ao Imposto de Renda (IR) porque os repasses foram “se avolumando”. “O empréstimo foi se avolumando e eu não posso, de um ano para o outro, (colocar) mais R$ 10 mil, mais R$ 15 mil. Se eu errei, eu arco com a minha responsabi­lidade perante o Fisco. Não tem problema nenhum”, declarou o presidente eleito após participar de uma cerimônia na Escola Naval, no Rio.

O Estado revelou que relatório do Coaf apontou movimentaç­ão atípica de R$ 1,2 milhão em uma conta de Queiroz quando ele era assessor parlamenta­r no gabinete de Flávio Bolsonaro na Alerj. O montante foi movimentad­o no período de janeiro de 2016 a janeiro de 2017.

O documento lista dados financeiro­s e patrimonia­is de funcionári­os da Assembleia Legislativ­a do Rio, alvo da Operação Furna da Onça. Nela, foram presos dez deputados estaduais. Flávio Bolsonaro não foi alvo.

Bolsonaro disse que os depósitos foram feitos na conta de sua mulher e não na própria conta porque não costuma ir a banco. “(Se) Foi na (conta) da minha esposa, pode considerar na minha. Só não foi na minha por uma questão de mobilidade”, disse. “Ninguém recebe ou dá dinheiro sujo com cheque nominal.”

Bolsonaro disse não ter se encontrado com o ex-assessor após a divulgação das investigaç­ões do Coaf sobre a movimentaç­ão atípica. “Eu não conversei com ele. Se ele quiser conversar comigo… mas acho que não seria prudente”, declarou.

Servidores. Para o presidente eleito, operações como as que foram detectadas entre os assessores do filho são normais entre colegas de trabalho. O relatório do Coaf mostra que ao menos sete servidores da Assembleia que passaram pelo gabinete de Flávio Bolsonaro fizeram transferên­cias bancárias para uma conta em nome de Queiroz. Da mesma forma, ele não considera um problema que a filha do policial militar, Nathalia, trabalhass­e

em seu gabinete em Brasília. De acordo com o Coaf, Nathalia repassou mais de R$ 84 mil ao pai no período pesquisado. Queiroz e a filha foram exonerados dia 15 de outubro, após o primeiro turno das eleições, porque “não estavam correspond­endo”, disse o presidente eleito.

“Da conta do Queiroz, não tenho nada a falar”, disse. “Não quer dizer que eles sejam criminosos”, completou.

Para o presidente eleito, advogados de parlamenta­res fluminense­s presos vazaram as informaçõe­s. “O pente-fino do Coaf foi feito no início do ano. Foram advogados que vazaram isso agora para tentar desviar o foco da atenção, deles para o meu filho.”

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FABIO MOTTA /ESTADÃO Coletiva. Bolsonaro durante entrevista após participar de evento na Escola Naval, no Rio

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