Presidente eleito vai propor mudança no sistema de votação
Bolsonaro não detalhou a proposta, mas afirmou que teria tido ‘muito mais voto’ com outro processo eleitoral
O presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) afirmou ontem à noite que pretende propor uma mudança no sistema de votação eleitoral do País. Para ele, o número de votos recebidos durante as eleições não correspondeu à realidade. “Eu sei que eu teria muito mais voto. Não é que queremos mudar tudo, mas queremos aperfeiçoar esse processo”, disse. Bolsonaro participou, por videoconferência, da Cúpula Conservadora das Américas, realizada em Foz do Iguaçu. Bolsonaro não detalhou quais mudanças pretende fazer no processo eleitoral.
Sua participação não estava prevista no evento e a videoconferência foi marcada por algumas dificuldades. Bolsonaro só atendeu à chamada na segunda tentativa. Primeiro apareceu o chão e depois o teto do quarto. Só então, Bolsonaro conseguiu posicionar a câmera corretamente. Seu nome foi anunciado por seu filho, o deputado reeleito Eduardo Bolsonaro, e assim que sua imagem surgiu na tela, a plateia aplaudiu e alguns gritaram “mito”. “Ou mudamos o Brasil afora ou o PT volta. E ele volta com muito mais força do que tinha até o final do governo Dilma. Eles não dormem no ponto”, disse o presidente.
Eduardo havia aberto o evento com um discurso em que dizia que o Brasil não seria “a nova Venezuela”. “Nossa intenção é fazer com que esse movimento não acabe somente nessa eleição de outubro. É fazer algo permanente para que possamos ter um norte”, disse a uma plateia formada por aproximadamente 2 mil pessoas, de acordo com a organização.
Olavo de Carvalho adaptado.
Também na cúpula, os irmãos Weintraub, responsáveis pela área da Previdência na equipe
de transição de Bolsonaro, defenderam que os militantes de direita devem adaptar as teorias do filósofo Olavo de Carvalho, tido como guru do próximo presidente, para vencer os embates teóricos com os militantes de esquerda.
“Dá para ganhar deles. É Olavo de Carvalho adaptado”, disse Abraham Weintraub, indicado para ser o secretário-executivo da Casa Civil a partir do ano que vem. “E como ganhamos deles? Não sendo chatos. Temos que ganhar com humor e inteligência.”
Seu irmão, Arthur, por sua vez, afirmou que “o socialista é a Aids e o comunista, a doença oportunista”, arrancando aplausos da plateia de cerca de 200 pessoas. Arthur é o responsável pela previdência na equipe de transição. Ambos estiveram em um painel temático sobre economia na cúpula.
A Cúpula Conservadora das Américas é organizada pela Fundação Indigo, do PSL. O presidente do partido, o deputado eleito Luciano Bivar (SP), destacou ao fazer um breve discurso no início do evento que, hoje em dia, os cidadãos sabem que o Estado é ineficaz para produzir. “Temos como ponto de partida a igualdade de oportunidades”, afirmou.