O Estado de S. Paulo

GENERAIS ELEITOS PELO PSL AFIRMAM QUE ATO ‘FOI NECESSÁRIO’ PARA O PAÍS

- / M.G.

Os dois generais eleitos em outubro pelo PSL para a Câmara dos Deputados – Roberto Sebastião Peternelli Junior e Eliéser Girão Monteiro Filho – afirmaram que a adoção do Ato Institucio­nal-5 (AI-5) foi necessária diante da conjuntura da época. “A conjuntura, infelizmen­te, com os movimentos revolucion­ários armados, fez com que Brasil precisasse do AI-5 para manter a democracia e se contrapor ao comunismo. Vivemos hoje um momento diferente, não há mais o risco de implantaçã­o de um regime comunista”, diz Girão.

Peternelli também culpa as ações armadas contra o regime. “Para aquele contexto, talvez, tenha sido uma medida necessária. O governo não tinha opção.” Ele afirma que o Exército “ao longo da história sempre defendeu a defesa da democracia”. “O compromiss­o com a democracia nos levou à Câmara pelo voto.” Cinquenta anos atrás, o Congresso também tinha dois oficiais generais quando foi fechado pelo AI-5: os marechais Amaury Kruel (MDB-GB) e Mendes de Moraes (Arena-GB).

O general Girão, no entanto, disse concordar com a crítica feita nos anos 1970 pelo general Peri Constant Bevilacqua, para quem o AI-5 “compromete­u os ideais de 31 de Março”. Ministro do Superior Tribunal Militar, Bevilacqua foi cassado pela ditadura, em 1968. “A terapêutic­a revolucion­ária agrava os males do doente – a democracia – quando não o mata”, afirmara.

“A prática da República é que vai aperfeiçoá-la. Para isso acontecer, os Poderes devem agir de forma independen­te. Infelizmen­te, a Nova República foi sepultada – com a causa mortis corrupção –, por partidos políticos formados por derrotados pela revolução de 1964, quando da tentativa de se implantar um regime comunista”, disse Girão.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil