O Estado de S. Paulo

3 PERGUNTAS PARA...

ex-deputado federal MDB

- / M.G.

1. Oficiais do Cisa disseram que fizeram uma armadilha para que o sr. fosse cassado, plantando em seu gabinete o discurso com trechos da Voz Operária...

Eu fazia uma oposição muito dura à ditadura. Denunciava torturas e mortes. Eu recebia muitas solicitaçõ­es de pronunciam­entos, discursos e manifestaç­ões. Fiz vários. E fazia parte do grupo autêntico do MDB, com o Lysâneas Maciel, o Nadyr Rossetti, o Amaury Müller. Fui acusado pelo Geisel de ter sido apoiado pelo partido comunista. Os comunistas não iam apoiar a Arena, não é mesmo? Eles apoiavam quem? Apoiavam quem lutava contra a ditadura. Eles (os militares) usaram esse pretexto para me cassar. Não me arrependo nada do que fiz. Podem vasculhar minha vida; não tem nenhum ato de desonra.

2. O senhor tinha ideia de que foi vítima de uma armação?

Não tinha conhecimen­to, não. Eu supus que isso pudesse ser, sim, porque era uma forma de me caracteriz­ar como representa­nte do partido comunista.

3. De que forma a cassação afetou a sua vida?

Eu era jovem. Tinha 37 anos, um mandato e um cargo no Estado. Fui aposentado com 10% do salário – eu era fiscal de rendas – e tive de ir morar na casa da minha mãe, pois estava sem condição de sobreviver. Voltei à advocacia, mas as pessoas tinham medo de procurar meu escritório, porque naquela época o medo intimidava as pessoas. Morei dois anos com minha mãe para reorganiza­r minha vida.

 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil