Ministro quer ‘harmonizar’ meio ambiente e agricultura
Ministro. Bolsonaro confirma nome do advogado Ricardo Salles, filiado ao Novo, para comandar a pasta a partir de janeiro; anúncio fecha o primeiro escalão do futuro governo
O advogado Ricardo Salles, filiado ao Novo, será o ministro do Meio Ambiente no governo Bolsonaro. Salles foi secretário na administração de Geraldo Alckmin. Ele disse que o setor agrícola foi perseguido por órgãos ambientais no passado e agora deve-se buscar harmonia. “Essa perseguição ideológica não é saudável para ninguém: nem para a agricultura e tampouco para o ambiente.”
O presidente eleito, Jair Bolsonaro, confirmou ontem a escolha do advogado Ricardo Salles como futuro ministro do Meio Ambiente e fechou o desenho do seu Ministério, que terá ao todo 22 pastas. Filiado ao Novo, Salles lidera o movimento Endireita Brasil e foi secretário estadual do Meio Ambiente em São Paulo na gestão de Geraldo Alckmin (PSDB). Após ser confirmado no cargo, ele disse que seu papel no ministério será defender o meio ambiente e respeitar o setor produtivo. Bolsonaro cogitou extinguir a pasta depois de ser eleito.
O primeiro escalão de Bolsonaro terminou maior do que o previsto – com sete pastas além do prometido durante a campanha eleitoral – e formado por militares, políticos e técnicos.
Bolsonaro recuou da intenção de extinguir o Ministério do Meio Ambiente e incorporá-lo à Agricultura após reação negativa de setores exportadores, que temiam um desgaste da soja e da carne no exterior.
O presidente eleito defende que a pasta promova um “licenciamento eficiente” e acabe com o que chama de “indústria das multas” no Ibama e no Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMbio).
A intenção de dar um novo perfil ao Meio Ambiente e uma disputa entre os núcleos político e militar do futuro governo pela indicação do futuro ministro fez com que o titular da pasta fosse o último a ser anunciado.
Entidades do setor produtivo defenderam a indicação de Salles para o ministério. A Sociedade Rural Brasileira (SRB) enviou uma carta ao presidente eleito para reforçar o apoio ao nome do advogado para o cargo. A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) também defendeu o nome de Salles para o ministério durante reuniões de comitês internos.
“Defender o meio ambiente e ao mesmo tempo respeitar todos os setores produtivos do Brasil é o que sintetiza muito nosso sentimento”, disse Salles ao Estadão/Broadcast.
Ele ficou pouco mais de um ano à frente da Secretaria do Meio Ambiente de São Paulo (mais informações nesta página).
Salles é réu na Justiça paulista por improbidade administrativa, acusado de ter alterado ilegalmente o plano de manejo de uma Área de Proteção Ambiental Várzea do Tietê. Repercussão. Entidades internacionais divulgaram nota após o anúncio do futuro ministro do Meio Ambiente. A WWF-Brasil afirmou que o ministério do Meio Ambiente deve ter papel protagonista na redução do desmatamento no País. “Fundamental para posicionar a agropecuária brasileira com tremendas vantagens competitivas no mercado internacional, tão importante para o setor”, diz o comunicado divulgado pela entidade.
“Desejamos que o Ministério do Meio Ambiente cumpra sua missão de balancear as questões ambientais nas outras pastas do governo, zelando assim para que o Brasil tenha medidas necessárias para proteger de forma estratégica o nosso imenso patrimônio natural. E que tenha capacidade de dialogar com os diversos setores da sociedade”, afirmou Mauricio Voivodic, diretor executivo do WWF-Brasil.