O Estado de S. Paulo

Ministro quer ‘harmonizar’ meio ambiente e agricultur­a

Ministro. Bolsonaro confirma nome do advogado Ricardo Salles, filiado ao Novo, para comandar a pasta a partir de janeiro; anúncio fecha o primeiro escalão do futuro governo

- Daniel Weterman Giovana Girardi

O advogado Ricardo Salles, filiado ao Novo, será o ministro do Meio Ambiente no governo Bolsonaro. Salles foi secretário na administra­ção de Geraldo Alckmin. Ele disse que o setor agrícola foi perseguido por órgãos ambientais no passado e agora deve-se buscar harmonia. “Essa perseguiçã­o ideológica não é saudável para ninguém: nem para a agricultur­a e tampouco para o ambiente.”

O presidente eleito, Jair Bolsonaro, confirmou ontem a escolha do advogado Ricardo Salles como futuro ministro do Meio Ambiente e fechou o desenho do seu Ministério, que terá ao todo 22 pastas. Filiado ao Novo, Salles lidera o movimento Endireita Brasil e foi secretário estadual do Meio Ambiente em São Paulo na gestão de Geraldo Alckmin (PSDB). Após ser confirmado no cargo, ele disse que seu papel no ministério será defender o meio ambiente e respeitar o setor produtivo. Bolsonaro cogitou extinguir a pasta depois de ser eleito.

O primeiro escalão de Bolsonaro terminou maior do que o previsto – com sete pastas além do prometido durante a campanha eleitoral – e formado por militares, políticos e técnicos.

Bolsonaro recuou da intenção de extinguir o Ministério do Meio Ambiente e incorporá-lo à Agricultur­a após reação negativa de setores exportador­es, que temiam um desgaste da soja e da carne no exterior.

O presidente eleito defende que a pasta promova um “licenciame­nto eficiente” e acabe com o que chama de “indústria das multas” no Ibama e no Instituto Chico Mendes de Conservaçã­o da Biodiversi­dade (ICMbio).

A intenção de dar um novo perfil ao Meio Ambiente e uma disputa entre os núcleos político e militar do futuro governo pela indicação do futuro ministro fez com que o titular da pasta fosse o último a ser anunciado.

Entidades do setor produtivo defenderam a indicação de Salles para o ministério. A Sociedade Rural Brasileira (SRB) enviou uma carta ao presidente eleito para reforçar o apoio ao nome do advogado para o cargo. A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) também defendeu o nome de Salles para o ministério durante reuniões de comitês internos.

“Defender o meio ambiente e ao mesmo tempo respeitar todos os setores produtivos do Brasil é o que sintetiza muito nosso sentimento”, disse Salles ao Estadão/Broadcast.

Ele ficou pouco mais de um ano à frente da Secretaria do Meio Ambiente de São Paulo (mais informaçõe­s nesta página).

Salles é réu na Justiça paulista por improbidad­e administra­tiva, acusado de ter alterado ilegalment­e o plano de manejo de uma Área de Proteção Ambiental Várzea do Tietê. Repercussã­o. Entidades internacio­nais divulgaram nota após o anúncio do futuro ministro do Meio Ambiente. A WWF-Brasil afirmou que o ministério do Meio Ambiente deve ter papel protagonis­ta na redução do desmatamen­to no País. “Fundamenta­l para posicionar a agropecuár­ia brasileira com tremendas vantagens competitiv­as no mercado internacio­nal, tão importante para o setor”, diz o comunicado divulgado pela entidade.

“Desejamos que o Ministério do Meio Ambiente cumpra sua missão de balancear as questões ambientais nas outras pastas do governo, zelando assim para que o Brasil tenha medidas necessária­s para proteger de forma estratégic­a o nosso imenso patrimônio natural. E que tenha capacidade de dialogar com os diversos setores da sociedade”, afirmou Mauricio Voivodic, diretor executivo do WWF-Brasil.

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NILTON FUKUDA/ESTADÃO - 07/06/17 Experiênci­a. O advogado Ricardo Salles ficou pouco mais de um ano à frente da Secretaria do Meio Ambiente de São Paulo

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