RIVER BATE O BOCA DE VIRADA
Após jogo adiado e dias tensos, equipe de Marcelo Gallardo supera o Boca Juniors por 3 a 1, de virada, na prorrogação, no Santiago Bernabéu, em Madri
Na prorrogação, após jogo adiado, equipe vence por 3 a 1 e leva a Libertadores.
A mais longa das finais da Libertadores tinha de terminar na prorrogação. E com emoção. Após empate por 1 a 1 no tempo normal, o River Plate superou o Boca Juniors de virada por 3 a 1, em um jogo dramático, ontem, no Santiago Bernabéu, em Madri. Os Millonarios conquistam o quarto título e estão classificados para o Mundial de Clubes da Fifa, que começa quarta-feira nos Emirados Árabes. A estreia será no dia 18.
O River consegue um acerto de contas com sua própria história. Apelidado de “galinhas”, por ter sofrido uma virada diante do Peñarol na Libertadores de 1966, o time de Marcelo Gallardo consegue uma reviravolta épica diante do maior rival.
Para os argentinos, o título vai apagar um episódio incômodo. A decisão da Libertadores, que foi apelidada de “Final do mundo”, deveria ter sido realizada no dia 24 de novembro, em Buenos Aires. Ela foi adiada por causa do ataque ao ônibus do Boca Juniors por parte de torcedores do River Plate, que acabou multado e terá de jogar dois jogos com portões fechados. Para evitar novos conflitos, Madri foi escolhida pela Conmebol para receber o jogo decisivo e encerrar uma edição insólita do maior torneio sul-americano.
Em alguns momentos, o jogo de ontem minimizou a vergonha de uma decisão sul-americana em solo europeu. As torcidas tomaram posse do Santiago Bernabéu, com gritos, cantos e bandeiras. Em todos os detalhes, a arena espanhola virou um estádio sul-americano. Os argentinos que percorreram os 10 mil quilômetros de Buenos Aires a Madri levaram para o estádio a mania quase religiosa de cantar o jogo todo. Sem parar. Mostraram aos europeus um jeito próprio de torcer. Paixão tipo exportação.
Até os astros do futebol europeu fizeram questão de assistir ao jogo, como Lionel Messi e Griezmann, campeão do mundo com a França que assumiu sua torcida para o Boca.
Os dois times fizeram um grande jogo. Intenso e apaixonado. Não foi propriamente um jogo de esquemas táticos. Como canta Alceu Valença, “o coração dos aflitos, pipoca dentro do peito”. O Boca segurou seus nervos e saiu na frente com o velho Benedetto, aquele mesmo carrasco de Cruzeiro e Palmeiras.
No segundo tempo, o River ajustou melhor suas peças e empatou com Pratto, outro conhecido dos brasileiros. Vale lembrar que Gallardo não estava no banco, pois havia sido suspenso por ter ignorado uma punição na semifinal diante do Grêmio.
O herói foi o colombiano Juan Quintero, que acertou um belo chute para fazer 2 a 1. A raça argentina fez com que o Boca, mesmo com nove (Barrios expulso e Gago machucado), acertasse a trave no final. No último lance, depois que o goleiro Andrada tentou o gol de cabeça no escanteio, Martínez, o craque do River, fechou a final mais longa da história.