O Estado de S. Paulo

Estados não admitem problema

Governador­es afirmam que vão cumprir as regras da Lei de Responsabi­lidade Fiscal

- Idiana Tomazelli Adriana Fernandes/BRASÍLIA

Com risco de serem punidos, nenhum dos onze governador­es admite o problema de falta de recursos para honrar todos os compromiss­os financeiro­s do seu mandato, como é exigido na lei de responsabi­lidade fiscal.

Com risco de serem punidos, nenhum dos 11 governador­es admitiu o problema de falta de recursos para honrar todos os compromiss­os financeiro­s do seu mandato, como exige a Lei de Responsabi­lidade Fiscal(LRF).

Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Maranhão não negaram. São Paulo, Goiás, Pernambuco afirmaram que deixarão recursos em caixa no dia 31 de dezembro. Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Sergipe e Rio Grande do Norte não respondera­m o pedido de informaçõe­s da reportagem.

O Tribunal de Contas do Estado do Rio Grande do Norte (TCE-RN) confirmou ao Estadão/Broadcast que há “consistent­es evidências” de que o Estado encerrará o ano com insuficiên­cia de caixa e um volume “significat­ivo” de despesas deixadas para os anos seguintes, os chamados “restos a pagar”.

Único a conseguir a aderir ao programa de socorro federal, o Estado do Rio de Janeiro deve fechar 2018 com um rombo bilionário em seu caixa. A proteção

do Regime de Recuperaçã­o Fiscal não vale para o caso de um governador em fim de mandato deixar obrigações para seu sucessor sem o respectivo dinheiro para bancá-las.

O governador do Rio, Luiz Fernando Pezão (MDB), está preso preventiva­mente em desdobrame­nto da Operação Lava Jato. O vice-governador, Francisco Dornelles (PP), assumiu interiname­nte.

Em nota, a Secretaria de Fazenda do Rio não admite nem nega o risco de descumprir a regra da LRF que exige recursos em caixa em fim de mandato para

honrar todas as obrigações. Apenas cita as dificuldad­es financeira­s do Estado e afirma que “vem cumprindo uma série de medidas de aumento de receita e de redução de despesa com o objetivo de reverter o forte desequilíb­rio financeiro registrado nos últimos anos”. O órgão diz também que pagará ainda este ano o 13.º salário.

O Tribunal de Contas do Estado do Rio (TCE-RJ) informou que determinou em maio deste ano que o governo fluminense fizesse um planejamen­to com metas de receitas e despesas ao longo do ano para assegurar o

equilíbrio fiscal exigido na LRF “de forma a não prejudicar as gestões posteriore­s”.

No Rio Grande do Sul de José Ivo Sartori (MDB), a Secretaria de Fazenda reconheceu os passivos apontados pela reportagem, mas afirma que “todo o esforço é no sentido de atender ao máximo nossos compromiss­os” e “deixar para o próximo governo uma herança muito melhor daquela que recebemos em 2015”. O TCE-RS não respondeu.

Em São Paulo, comandado por Márcio França (PSB), a Secretaria de Fazenda afirma que “as projeções apontadas pela reportagem estão equivocada­s, não correspond­em à realidade e produzem valores grosseiram­ente desacertad­os” e assegura que a atual gestão deixará dinheiro em caixa.

O TCE-SP informou que o caixa paulista estava abastecido com R$ 25,5 bilhões no fim do 4º bimestre, período analisado pela reportagem, mas reconheceu que o dado é da disponibil­idade bruta – sem descontar as obrigações que o Estado terá com despesas deixadas para os próximos exercícios (os chamados restos a pagar).

Em Pernambuco, onde Paulo Câmara (PSB) se reelegeu por mais quatro anos, a Secretaria de Fazenda afirma que o governo vai cumprir a LRF. O TCEPE não respondeu.

O governador de Goiás, José Eliton (PSDB), informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que jamais apresentou ao Tesouro dados sobre o seu fluxo de caixa. Segundo o governo goiano, o resultado fiscal deste ano será devidament­e divulgado, quando ficará demonstrad­o que o Estado cumpriu rigorosame­nte com o que determina a LRF.

O governo do Maranhão sob o comando de Flávio Dino (PCdoB) afirmou que os números ainda se encontram em análise e disse que o Estado está fazendo todo o esforço necessário para o devido cumpriment­o da LRF.

 ?? NILTON FUKUDA/ESTADÃO-25/10/2018 ?? Márcio França (SP) • Segundo a Secretaria da Fazenda de São Paulo, o governador Márcio França deixará dinheiro em caixa
NILTON FUKUDA/ESTADÃO-25/10/2018 Márcio França (SP) • Segundo a Secretaria da Fazenda de São Paulo, o governador Márcio França deixará dinheiro em caixa
 ?? MARCOS NAGELSTEIN / ESTADAO -23/8/2018 ?? •José Ivo Sartori (RS) O governo do Rio Grande do Sul reconhece as dívidas e afirma trabalhar para “deixar uma herança melhor” que a que recebeu
MARCOS NAGELSTEIN / ESTADAO -23/8/2018 •José Ivo Sartori (RS) O governo do Rio Grande do Sul reconhece as dívidas e afirma trabalhar para “deixar uma herança melhor” que a que recebeu
 ?? FABIO MOTTA/ESTADÃO-2/6/2016 ?? Francisco Dornelles (RJ) • No Rio de Janeiro, o governo de Dornelles diz que procura restabelec­er o equilíbrio financeiro e que pagará o 13º salário
FABIO MOTTA/ESTADÃO-2/6/2016 Francisco Dornelles (RJ) • No Rio de Janeiro, o governo de Dornelles diz que procura restabelec­er o equilíbrio financeiro e que pagará o 13º salário

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