O Estado de S. Paulo

Fascínio pelas múmias vem desde o Império

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O fascínio do Brasil pelo Egito vem desde o Império e tem em dom Pedro II seu maior representa­nte. Apaixonado pela civilizaçã­o milenar, o imperador fez duas viagens ao Egito. “Ele conhecia alguns símbolos e, enquanto viajava, anotava, transcrevi­a e desenhava tudo o que via”, conta a historiado­ra Liliane Corrêa. Como parte de sua pesquisa de pós-doutorado, Liliane refez, no início deste ano, os caminhos do imperador.

Além do fascínio pelos templos – o de Karnak, em Luxor, era o seu preferido –, Pedro de Alcântara também “descrevia os pores do sol e suas cores em contraste com o Nilo e o deserto”. Peças adquiridas pelo imperador foram levadas ao Museu Nacional, no Rio, que pegou fogo em setembro.

Nas universida­des, o interesse de pesquisado­res pelo Egito Antigo só ganhou força na década de 1980. Mas ainda é pequeno o número de cientistas brasileiro­s que se dedicam à área.

Para Júlio Gralha, professor de História Antiga da Universida­de Federal Fluminense (UFF), a expedição abre campo de atuação para arqueólogo­s. E compreende­r aspectos do Egito Antigo, como a forma de lidar com a homossexua­lidade e com o feminino, ajuda a refletir sobre dilemas contemporâ­neos. “Precisamos estudar as sociedades da Antiguidad­e. Elas ainda nos dão respostas.”

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