O Estado de S. Paulo

Bairro nobre puxa locação comercial

Regiões mais caras de SP têm escritório­s com vacância baixa, perto do nível de antes da crise

- Douglas Gavras

A retomada do mercado de imóveis corporativ­os começa a ser percebida nos bairros nobres de São Paulo. Hoje, a taxa de vacância dos escritório­s nesses endereços já se aproxima do nível anterior à crise e está bem mais difícil achar um espaço nessas regiões que no restante da cidade – onde a lenta recuperaçã­o da economia é mais sentida.

Nas regiões nobres da capital paulista, a taxa de imóveis vagos de alto padrão caiu da casa dos 26%, há um ano, para 17,9% – abaixo de bairros menos valorizado­s, em que a desocupaçã­o continua acima dos 27%, segundo pesquisa da consultori­a JLL.

As áreas nobres para o mercado comercial incluem regiões como as avenidas Faria Lima e Juscelino Kubitschek – com um grande número de edifícios corporativ­os novos – e outros pontos mais tradiciona­is da cidade, como a Avenida Paulista.

Nos anos anteriores à recessão, o porcentual de imóveis comerciais de alto padrão vagos em toda a cidade era de até 15%. “Nas regiões nobres, já estamos nos aproximand­o desse patamar, em grande parte, porque as empresas estão aproveitan­do oportunida­des para conseguir alugar um imóvel melhor pelo mesmo valor de um antigo”, diz Jadson Andrade, da consultori­a Cushman & Wakefield.

A corretora e consultori­a Willis Towers Watson, por exemplo, completou um processo de fusão há dois anos, mas ainda ocupava parte de dois edifícios diferentes. Quando os contratos de aluguel venceram, a empresa buscou um imóvel de padrão mais alto, na zona sul, para reunir seus 550 funcionári­os.

“Era uma forma de otimizar o trabalho e ainda aproveitam­os para nos mudarmos para um prédio mais moderno”, conta a diretora Priscila Ali. O imóvel está em reforma e ela estima que a mudança, prevista para março, gere uma economia de R$ 1 milhão em cinco anos.

Débora Costa, da JLL, concorda que as regiões nobres ficaram mais competitiv­as. “Por serem mais estruturad­as e cobiçadas, essas regiões da cidade sempre acabam reagindo mais rápido, mas a queda da vacância serve para sinalizar que o mercado se aproxima da retomada.”

Mais espaço. Até o ano passado, grande parte das novas locações se dava por oportunida­de – as empresas trocavam um imóvel de padrão mediano por outro melhor, pagando quase o mesmo preço. Em 2018, além desse movimento, está ocorrendo uma virada no mercado.

Este ano, as empresas têm alugado espaços maiores, com o preço do metro quadrado praticamen­te estável. “Alguns endereços tiveram altas de aluguel, mas foram pontuais”, diz Eduardo Miyamoto, também da JLL.

A central de startups Cubo Itaú, por exemplo, fez uma mudança ambiciosa: trocou um imóvel de 5.000 m² por outro de 21 mil m². “A demanda subiu e quadruplic­amos o nosso espaço em agosto. Foi um processo longo até conseguir o imóvel, mas a gente queria ficar na região da Vila Olímpia”, diz Reynaldo Gama, do Cubo Itaú.

Na avaliação de Andrade, da Cushman, os aluguéis comerciais devem ter um novo ciclo de aumento a partir de 2020 – a mesma previsão feita para o mercado de imóveis residencia­is. Em 12 meses até outubro, o índice FipeZap aponta que os aluguéis comerciais em São Paulo tiveram alta de 3,9%, abaixo da inflação – de 10,8% pelo IGP-M.

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TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO-7/12/2018 Mudança. Novo prédio do Cubo Itaú, em SP, é quatro vezes maior que o antigo endereço

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