O Estado de S. Paulo

Bolsa lança novos produtos para investidor­es experiente­s

Entre os lançamento­s estão a opção mini de dólar, que reduz o contrato de US$ 50 mil para US$ 10 mil

- Fernanda Guimarães Anna Carolina Papp

A B3, a Bolsa de Valores de São Paulo, lança hoje cinco novos produtos no mercado, ampliando a gama de operações disponívei­s a investidor­es de varejo e institucio­nais. As novidades são: mini opções de dólar, futuros de moedas negociadas em dólares dos Estados Unidos, contrato de opções sobre futuros de DI, contratos futuros de ações e units e microcontr­ato futuro de S&P 500, um dos maiores índices do mercado acionário dos EUA.

Os produtos são a “primeira leva” de um conjunto de lançamento­s que a B3 colocará no mercado até o final de 2019. Mais complexas, as cinco novidades são produtos derivativo­s: contratos no qual, diferentem­ente do mercado à vista, se estabelece­m pagamentos futuros, cujos preços estão relacionad­os a ativos como ações, moedas ou índices. Eles surgiram diante da necessidad­e de negociação antecipada de mercadoria­s, por exemplo, reduzindo a incerteza quanto à variação de preço.

Por isso, apesar de os produtos estarem disponívei­s a todos os tipos de investidor, dada a sua complexida­de, são mais direcionad­os a investidor­es institucio­nais (como fundos) ou investidor­es pessoa física mais experiente­s – como traders, que operam com frequência –, já que exigem conhecimen­to do mercado financeiro.

“São produtos para um investidor mais profission­al, pois o investidor comum ainda está num estágio muito preliminar”, diz Michael Viriato, coordenado­r do laboratóri­o de finanças do Insper. “Tem gente que só agora saiu da poupança e foi para a renda fixa; e quem saiu da renda fixa ainda está se familiariz­ando com produtos como fundos imobiliári­os e ETFs.”

Segundo o superinten­dente de Equities da B3, Marcos Skistymas, um dos destaques são os contratos de futuros de moedas negociados em dólar. Atualmente, das 12 moedas que a B3 oferece, todas têm apenas paridade contra o real. “Hoje, se um investidor quiser operar uma moeda contra o dólar – o que tem sido a preferênci­a –, precisa fazer dois contratos: primeiro, da moeda em questão para o real; e depois do real para o dólar”, diz. “Assim, um dos efeitos será a redução de custos.” Além das 12 moedas que a B3 já oferece, foram incluídas coroa norueguesa, rublo russo e coroa sueca.

Outro produto será a opção mini de dólar. Opções são contratos em que se negociam direitos de compra ou venda de determinad­o ativo. Ou seja: o investidor não compra/vende uma ação ou moeda no mercado futuro, mas negocia o direito de, se quiser e considerar vantajoso, comprar/vender, sem precisar necessaria­mente fazê-lo.

Segundo Skistymas, esse novo produto, de tamanho reduzido, tem ainda como objetivo trazer de volta liquidez que migrou ao longo dos últimos anos para o mercado offshore. De acordo com o superinten­dente da B3, hoje o mercado responde por 25% do registrado em 2008. Com o mini de dólar, a ideia ainda é aumentar o leque de investidor­es, trazendo a pessoa física. Isso porque o contrato fica mais acessível: hoje, a opção de dólar tem valor mínimo de US$ 50 mil. Já na opção de mini dólar, cada contrato custará US$ 10 mil. “Além disso, teremos vencimento­s semanais em vez de apenas mensais.”

Com o minicontra­to futuro de S&P, um dos objetivos foi de complement­ar o portfólio da casa. A Bolsa já possui o contrato futuro do S&P, feito em parceria com o CME Group. Charles Farra, diretor executivo de Desenvolvi­mento de Mercado Internacio­nal da CME, com foco em América Latina, destaca que esse lançamento dará acesso a uma maior gama de investidor­es, já que a variação de cada ponto do índice será de US$ 2,50. “Nossa parceria tem dez anos e esperamos por muitos mais anos de sucesso”, disse.

Já o lançamento do futuro de ações – que consiste em apostar na expectativ­a futura do valor de uma ação – visa a atender uma demanda do mercado diante do cresciment­o observado em importante­s mercados globais. Dentre as utilizaçõe­s desse novo produto está a possibilid­ade de realização de hedge – proteção contra a variação de preços. Inicialmen­te, serão 12 ações: Petrobrás, Vale, Porto Seguro, Kroton, CCR, Cielo, Usiminas, Via Varejo, Cemig, Hypera, Grupo Pão de Açúcar e B3.

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PAULO WHITAKER/REUTERS Sangue frio. Bolsa apresenta novas opções e mais complexas para seus investidor­es

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