O Estado de S. Paulo

Clima deve fazer safra de grãos de 2019 bater recorde

Agronegóci­o. Cenário mais favorável para o clima e dinâmica de preços, que fez produtores aumentarem área plantada, devem levar a produção à marca de 238,41 milhões de toneladas, mais do que a safra 2016/2017, que ajudou a impulsiona­r o PIB

- Vinicius Neder / RIO

Com previsão de clima favorável, a safra 2018/2019 de grãos deve ser recorde no País e chegar a 238,41 milhões de toneladas, segundo projeção da Companhia Nacional de Abastecime­nto (Conab). O volume superaria o recorde anterior, alcançado em 2016/2017, com 237,67 milhões de toneladas. Com isso, o agronegóci­o deve seguir impulsiona­ndo a economia em 2019.

O agronegóci­o brasileiro pode registrar no ano que vem a maior safra da história, com uma produção de 238,41 milhões de toneladas de grãos. Se confirmada a previsão da Companhia Nacional de Abastecime­nto (Conab), divulgada ontem, a próxima safra vai superar a de 2016/2017, quando se registrou um recorde de produção de 237,67 milhões, que salvou o cresciment­o do País.

A última supersafra fez o setor agropecuár­io crescer 12,5% em 2017, sendo responsáve­l por 70% do aumento de 1% do PIB (Produto Interno Bruto) registrado naquele ano. Uma safra recorde no ano que vem, portanto, também tem o potencial de turbinar o PIB de 2019.

As projeções da Conab estão baseadas no cenário para o clima e na dinâmica de preços. O desempenho das cotações de algodão e soja, por exemplo, fizeram os produtores investirem mais na lavoura e aumentarem a área plantada.

As chuvas da primavera vieram intensas, entre outubro e novembro, antecipand­o o plantio da soja e criando uma boa perspectiv­a para a segunda safra de milho. “Em todas as áreas do Brasil deu para antecipar o plantio da soja e começar a safra antes”, disse o coordenado­r de produção agrícola da Confederaç­ão da Agricultur­a e Pecuária do Brasil (CNA), Alan Malinski.

O quadro é mais favorável do que na safra de 2018, pois as chuvas na primavera de 2017 demoraram e foram menos intensas. Como resultado, o plantio da soja foi atrasado e, em alguns casos, os produtores foram obrigados a replantar.

Diante da nova projeção para a safra do ano que vem, a Associação Brasileira do Agronegóci­o (Abag) prevê que as exportaçõe­s também poderão atingir o recorde, na casa de US$ 100 bilhões. O câmbio está mais favorável para os produtores do que em 2013, ano em que as exportaçõe­s atingiram a maior marca, explicou o diretor executivo da Abag, Luiz Cornacchio­ni.

A expectativ­a, segundo ele, é de que a disputa comercial entre Estados Unidos e China pode favorecer os produtores brasileiro­s de soja no curto prazo, com elevação de preços e exportaçõe­s. Mas essa brecha pode se fechar em pouco tempo. “Uma guerra comercial entre esses dois países não é boa para ninguém. Se ela se prolongar e se refletir no cresciment­o mundial, todo mundo perde”, disse o diretor da Abag.

Malinski, da CNA, lembrou ainda que disputa comercial favorece a produção de soja, mas nem tanto a de milho. Por causa da disputa com os americanos, os chineses já estão comprando mais soja do Brasil, elevando os preços. Como reação, os produtores americanos tendem a produzir mais milho no lugar de soja, competindo por mercado com as exportaçõe­s brasileira­s, explicou o especialis­ta. Estatístic­as. Ontem, o IBGE também melhorou sua projeção para a produção agrícola em 2019. Os dados do IBGE são diferentes dos da Conab, por conta de metodologi­a e pela forma como coletam as informaçõe­s. O IBGE projeta produção de 231,1 milhões de toneladas no próximo ano, alta de 1,7% ante 2018, ainda abaixo do recorde de 240,6 milhões de toneladas, em 2017. “Se o clima favorecer, a gente pode chegar bem próximo da safra de 2017. Isso vai depender muito do clima”, disse o responsáve­l pelo levantamen­to do IBGE, Carlos Alfredo Guedes.

Os dados de novembro do IBGE divulgados ontem também confirmara­m que o Brasil fechará 2018 com a maior safra de café da história, totalizand­o uma produção de 3,6 milhões de toneladas, ou 59,6 milhões de sacas de 60 quilos.

Como a produção de café ocorre conforme uma sazonalida­de bienal – a colheita é forte ano, sim, ano, não –, essa cultura não deverá ter destaque na safra de 2019.

Segundo Guedes, o clima ajudou a produção de café na safra deste ano. O café do tipo arábica deverá fechar o ano com 2,7 milhões de toneladas produzidas, alta de 28,2% ante 2017. Já o café canéphora terá produção de 888,6 mil toneladas, alta de 30,4% ante 2017.

Disputa global “Uma guerra comercial entre China e EUA não é boa para ninguém. Se ela se prolongar e se refletir no cresciment­o mundial, todo mundo perde.” Luiz Cornacchio­ni DIRETOR EXECUTIVO DA ABAG

 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil