O Estado de S. Paulo

Com Meirelles, Doria fecha secretaria­do

Último a ser anunciado por governador eleito de SP, Meirelles vai comandar a Fazenda

- Adriana Ferraz Carla Bridi

Seis das 20 pastas da gestão João Doria serão ocupadas por ex-ministros de Michel Temer, incluindo o ex-chefe da Fazenda Henrique Meirelles, anunciado ontem. As escolhas podem dar sustentaçã­o ao tucano em futura disputa ao Planalto. Meirelles afirmou que estuda privatizar Sabesp.

O governador eleito, João Doria (PSDB), ampliou e nacionaliz­ou seu arco partidário de alianças ao montar o primeiro escalão do próximo governo de São Paulo. Além do PSDB, o futuro secretaria­do reúne nomes do PSD, DEM, PP, PRB e MDB. Das 20 pastas anunciadas, além de mais duas secretaria­s extraordin­árias, seis serão ocupadas por ex-ministros do governo de Michel Temer, entre eles, Henrique Meirelles – anunciado ontem para comandar a Fazenda estadual (mais informaçõe­s na pág. A13).

As escolhas de Doria também mostram que, dois anos após vencer a disputa pela Prefeitura da capital – cargo que renunciou em abril – com o discurso de “gestor”, o tucano politizou sua equipe para seu segundo mandato executivo. Trouxe para São Paulo políticos de outros Estados que não necessaria­mente estão familiariz­ados com as demandas paulistas, mas que podem dar sustentaçã­o política em uma futura eleição.

Oficialmen­te, o tucano diz que as escolhas são técnicas. “Nosso objetivo é gestão, não eleição, com os melhores nomes disponívei­s no País.” Doria, no entanto, mantém o plano de disputar o Planalto e, para isso, a estratégia foi alterada. Além de atrair nomes fortes de outros partidos, como Gilberto Kassab (PSD) e Meirelles (MDB), o tucano apoia o presidente eleito Jair Bolsonaro.

Alexandre Baldy (PP), futuro secretário de Transporte­s Metropolit­anos, é um exemplo. Advogado, nascido em Goiás, nunca atuou profission­almente em São Paulo. Aproximou-se da área de mobilidade há apenas um ano, quando assumiu o cargo de ministro das Cidades.

Ligado ao DEM, mas não filiado, o atual ministro da Educação (no cargo desde abril), Rossieli Soares, vai assumir a mesma área em São Paulo tendo como experiênci­a semelhante a passagem pelo governo do Amazonas. A realidade paulista também vai se impor a Meirelles e Vinicius Lummertz (Turismo), ambos de Goiás, e Sérgio Sá Leitão (Cultura), que é do Rio.

Mercado. Áreas tradiciona­lmente geridas por quadros do PSDB serão, com Doria, serão repassadas a aliados ou representa­ntes do mercado. Na Saúde, terá como secretário José Henrique Germann, que não tem experiênci­a no setor público, mas levará ao governo a bagagem de ter atuado em alguns dos principais hospitais privados do País. Os tucanos no governo Doria serão apenas três: Marco Vinholi, Célia Leão e Marcos Penido.

Para o cientista político Rodrigo Prando, da Mackenzie, não ter sido o escolhido pelo PSD B para acorrida presidenci­al pode ter beneficiad­o Do ria. “Se ele faz um bom governo aqui e monta uma secretaria como essa, dá para ele uma projeção nacional. O governador de São Paulo naturalmen­te é uma opção para o Planalto”.

Com o anúncio do ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles, o MDB passa a ser o sexto partido entre o secretaria­do de João Doria, que contém o PSDB, DEM, PP, PRB e PSD.

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