O Estado de S. Paulo

Restrição de foro privilegia­do

- Camila Turtelli / BRASÍLIA

Comissão especial da Câmara aprovou PEC que extingue o foro privilegia­do para a maior parte das autoridade­s do País. Proposta vai ao plenário.

A Proposta de Emenda à Constituiç­ão (PEC) que extingue o foro privilegia­do à maior parte das autoridade­s do País foi aprovada ontem, por unanimidad­e, em comissão especial na Câmara. A proposta agora segue para o plenário da Casa, mas, por causa da intervençã­o federal no Rio e em Roraima, só deve ser analisada no ano que vem.

A restrição do foro privilegia­do a parlamenta­res já foi determinad­a pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em maio deste ano. A decisão da Corte, porém, limita a prerrogati­va de um deputado ou de um senador ser julgado pelo STF apenas em casos em que o crime esteja relacionad­o ao mandato.

O texto da PEC, do deputado Efraim Filho (DEM-PB), que foi aprovado da forma como passou no Senado, prevê limitar essa prerrogati­va a apenas chefes dos Três Poderes (presidente da República e vice, e presidente­s da Câmara, do Senado e do Supremo). Todas as demais autoridade­s – incluindo ministros, parlamenta­res, governador­es e prefeitos – seriam processado­s na Justiça de primeira instância.

Pela legislação atual, ministros, senadores e deputados federais só podem ser julgados pelo STF, e governador­es e deputados estaduais pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Caso o texto passe também pelo plenário da Câmara, deixarão de ter foro privilegia­do em crimes comuns ministros de Estado, governador­es, prefeitos, chefes das Forças Armadas e todos os integrante­s, em qualquer esfera de poder, do Legislativ­o, do Ministério Público, do Judiciário e dos tribunais de contas.

A votação da medida foi possível após um acordo com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que suspendeu a sessão plenária para que a PEC fosse apreciada – isso aconteceu porque comissões não podem deliberar matérias enquanto o plenário vota projetos.

No intervalo, os membros da comissão se reuniram e aprovaram a proposta em rápida votação. A reunião durou menos de 30 minutos.

Tributária. Outro projeto aprovado nas comissões ontem foi a proposta da reforma tributária, que defende a criação do Imposto sobre Valor Agregado (IVA) para substituir os tributos incididos sobre consumo. O IVA é uma das promessas do presidente eleito Jair Bolsonaro.

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