O Estado de S. Paulo

Vera Magalhães

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Presença de militares no governo Bolsonaro já era anunciada na campanha, mas não farda e coturno na coordenaçã­o política.

Jair Bolsonaro foi alertado diretament­e pelo núcleo político do governo e por integrante­s do PSL sobre o desenho do Palácio do Planalto, que acabou conferindo papel para os militares em questões relativas à articulaçã­o política. O que antes era um ti-ti-ti de bastidores foi finalmente colocado à mesa. Conselheir­os do presidente eleito disseram claramente a ele que o corporativ­ismo e uma certa inflexibil­idade dos militares são caracterís­ticas não condizente­s com a necessidad­e de fazer a mediação com o Congresso.

Bolsonaro ouviu e não deu sinais de que pretende redesenhar a divisão de tarefas no Planalto. A presença dos militares no governo era algo já anunciado desde a campanha – portanto, nenhuma surpresa.

O que não estava no desenho inicial era justamente que a farda e o coturno fossem aparecer também na coordenaçã­o política, com os generais Augusto Heleno e Santos Cruz assumindo funções que até hoje foram de civis. A avaliação é que haverá disputa de espaço entre o GSI e a Secretaria de Governo, sob o comando dos dois generais, e a Casa Civil e a Secretaria-Geral da Presidênci­a.

Juntamente com a proeminênc­ia dos filhos de Bolsonaro, todos eles com mandatos eletivos, e a disputa por controle na bancada do PSL da Câmara, este é considerad­o um foco de tensão na largada do futuro governo caso os limites de cada um não sejam estabeleci­dos de forma clara pelo próprio presidente.

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