O Estado de S. Paulo

Homem mata 4 e se suicida na Catedral de Campinas

Violência. Analista de sistemas entrou na igreja, no centro da cidade, após o fim da missa, e abriu fogo contra fiéis; ele atirou na própria cabeça após ser atingido por PMs que chegaram ao local; investigaç­ão não encontrou relação entre autor do ataque e

- Felipe Resk José Maria Tomazela ENVIADOS ESPECIAIS / CAMPINAS

Um homem de 49 anos entrou na Catedral Metropolit­ana de Campinas, no interior paulista, e atirou contra pessoas que rezavam no local por volta das 13h30 de ontem. Quatro pessoas morreram e pelo menos outras quatro ficaram feridas. Segundo a polícia, PMs entraram na igreja e dispararam contra ele. O atirador, então, caiu no chão e disparou na própria cabeça em seguida. Ainda não se sabe o motivo do crime.

O analista de sistemas Euler Fernando Grandolpho entrou na igreja, no centro de Campinas, após o fim da cerimônia das 12h15, e se sentou em um banco, de costas para três pessoas. Ele tinha um revólver calibre 38, uma pistola 9 mm (de uso restrito de polícia) e quatro cartuchos para recarga. As armas tinham numeração raspada.

Após um minuto em silêncio, teria se erguido e sacado a pistola. Sem falar nada, apertou o gatilho. Segundo testemunha­s, havia 20 pessoas no local. Eram 13h25. Os primeiros alvos foram o trio no banco de trás – dois acabaram baleados. Houve correria para fora da igreja, mas Grandolpho teria começado a disparar a esmo.

Cerca de 30 segundos depois, PMs em uma viatura, que faziam segurança para festas de Natal, ouviram disparos. Dois agentes entraram no templo e atiraram contra Grandolpho, atingido no tronco. O suspeito já havia conseguido realizar 21 disparos de pistola.

Ferido, caiu próximo do altar. Segundo as investigaç­ões, ele teria dado um último tiro contra a própria cabeça. Quatro homens também morreram dentro do local – Sidnei Vitor Monteiro, de 35 anos, José Eudes Gonzaga, de 68, Cristofer Santos e Elpídio Coutinho.

Entre os feridos estão Lourdes Rodrigues, de 79 anos, e Jandira Monteiro (mãe de Sidnei Vitor), de 65, internadas no Hospital Mário Gatti, mas sem risco de vida. Heleno Severo Alves, de 84 anos, foi baleado, passou por cirurgia no mesmo hospital, e segue em estado grave.

Douglas Ferreira, filho do José Eudes, que morreu na catedral, disse que sua mãe, Maria de Fátima Frazon Ferreira, vai ficar com a bala do tiro que recebeu alojada na coxa. O projétil está em um ponto delicado. Segundo ele, a mãe soube da morte do marido e ficou em choque.

“Se não fosse o pronto atendiment­o da polícia, teria sido uma tragédia muito maior”, disse o secretário municipal de Segurança, Luiz Augusto Baggio. O atirador era de Valinhos, a 10 quilômetro­s de Campinas, e não tinha antecedent­es criminais. Para o delegado Hamilton Caviola, do 1.º DP, ele demonstrou não ser iniciante com armas. “No ataque, ele consegue fazer a troca de pente caminhando, com certa facilidade. Se não tiver experiênci­a, a arma emperra.” A polícia não encontrou relação entre Grandolpho e as vítimas e ele não foi reconhecid­o por ninguém na igreja.

Desespero. “Só vi que tinha um casal, ele atirou uma vez em cada um e saí correndo”, disse o aposentado Pedro Rodrigues, de 66 anos, que estava no local. Apesar de evangélico, ele decidiu entrar na catedral para fazer uma oração quando passava pelo centro. “Na hora, já pensei que era uma chacina”, disse.

“Ninguém pôde fazer nada, ajudar de forma nenhuma”, contou, em vídeo nas redes sociais, o padre Amauri Thomazzi, que celebrou a missa pouco antes do ataque. Ele pediu orações para as vítimas e o atirador.

Houve corre-corre na hora dos disparos, principalm­ente na Rua 13 de Maio, uma das mais movimentad­as do comércio local. À tarde, a perícia isolou o local, que estava tomado de curiosos. À noite, pessoas puseram rosas na porta da igreja, em solidaried­ade às vítimas. /COLABORARA­M ANA PAULA NIEDERAUER, JÚLIA MARQUES e IVAN MONTEIRO, ESPECIAL PARA O ESTADO

“Estamos acompanhan­do a apuração das autoridade­s sobre o crime bárbaro na Catedral de Campinas. Nossos votos de solidaried­ade às vítimas da tragédia e aos familiares.” Jair Bolsonaro PRESIDENTE ELEITO, PELO TWITTER

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MAYCON SOLDAN/FOTOARENA Investigaç­ão. Atirador pareceu ter experiênci­a em usar armas de fogo, afirmou delegado
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REPRODUÇÃO/EPTV Ação. Atirador foi atingido e caiu perto do altar da igreja

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