O Estado de S. Paulo

Tempo de viagens de carro em SP cai 16% em dez anos

Pesquisa indica deslocamen­tos mais rápidos em todos os transporte­s; especialis­tas destacam mais trens, faixas exclusivas e uso de apps

- Bruno Ribeiro Juliana Diógenes

O tempo que o morador da região metropolit­ana de São Paulo gasta em suas viagens cotidianas está em queda. Em 2007, o tempo médio dos deslocamen­tos de carro era de 31 minutos. Agora, é de 26, redução de 16%. É um dos dados preliminar­es trazidos pela Pesquisa Origem-Destino (OD) da Companhia do Metropolit­ano de São Paulo (Metrô), feita a cada dez anos desde 1967. Especialis­tas destacam mais trens, faixas exclusivas e uso de aplicativo­s como razões para a mudança.

A edição atual da pesquisa, cujos primeiros dados serão apresentad­os hoje, foi feita com base em 156 mil entrevista­s em 32 mil domicílios nas 39 cidades da Grande São Paulo, além de pontos de bloqueio em rodovias, terminais e aeroportos. No caso do transporte coletivo, que inclui ônibus, metrô e trens da Companhia Paulista de Trens Metropolit­anos (CPTM), a redução na média dos tempos de viagem foi de 10,4%, de 67 minutos em 2007 para uma hora agora. Mas há diminuição até para quem faz os trajetos diários a pé: de 16 para 12 minutos na última década.

Há vários motivos para isso, dizem técnicos e especialis­tas. A primeira é a ampliação da malha do metrô, que aumentou o número de estações na Linha 2Verde, saindo da Chácara Klabin, na zona sul, até a Vila Prudente, na leste; ganhou a Linha 4-Amarela, ligando a Luz, no centro, ao Butantã, zona oeste, e partes da Linha 15-Prata, na leste, além da expansão da Linha 5-Lilás, na sul. Associada a isso, há a compra de mais trens para a CPTM. Outras explicaçõe­s citam o aumento de faixas exclusivas de ônibus, que também reduzem o tempo de viagens, e até o uso de apps de navegação por motoristas para fugir de vias mais congestion­adas.

Distâncias. Para o professor do Departamen­to de Transporte­s da Escola Politécnic­a da Universida­de de São Paulo (PoliUSP) Claudio da Cunha Barbieri, algo a se observar é os percursos que mudaram ao longo da década – quem arrumou emprego mais perto de casa ou se mudou para mais perto do trabalho. “Não consigo olhar o tempo sem olhar a distância”, diz o especialis­ta, “porque o que estamos olhando no fundo é a velocidade”, diz. “Se as pessoas passam a morar mais perto, você diminui o tempo, porque as pessoas se deslocam menos.”

Barbieri destaca que todas essas explicaçõe­s, entretanto, ainda são hipóteses. Apenas quando os dados completos da pesquisa forem divulgados – o que está previsto para o primeiro semestre de 2019, segundo o Metrô – será possível ter um quadro melhor. “Estamos falando de médias”, lembra.

O empresário Flávio Fernandes, de 34 anos, é uma das pessoas que, por mudanças na rotina, agora faz menos viagens diárias. Ele deixou de andar de ônibus há seis anos, quando largou o trabalho de bancário para criar uma creche-hotel de pets dentro da própria casa, na Parada Inglesa, zona norte de São Paulo. Hoje, quando precisa se locomover mais rapidament­e para locais em que o valor da passagem seria o mesmo que o de um aplicativo de transporte, ele acaba optando pelo aplicativo. Eventualme­nte, usa o próprio carro.

“O ônibus é uma loteria absurda. Você pega todo dia naquele horário e às vezes está tranquilo ou lotado. Não tem informaçõe­s sobre atraso no ponto de ônibus. No metrô, ao menos, tem informaçõe­s sobre atraso”, afirma. Ele deixou de usar ônibus também pela falta de conforto.

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HÉLVIO ROMERO/ESTADÃO Troca. Fernandes mudou rotina para se deslocar menos

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