O Estado de S. Paulo

Deslocamen­tos por apps já superam em três vezes uso de táxi

São 362,4 mil por dia, ante 112,9 mil feitas pelos carros com placas vermelhas; usuário opta por deixar de ter carro

- / B.R. e J.D.

Seja de casa para o trabalho, seja do clube para a escola, o número de viagens feitas por aplicativo­s de transporte na região metropolit­ana de São Paulo, como Uber, 99, Cabify e outros, já é três vezes maior nas comparação com os táxis. Diariament­e, são 362,4 mil viagens, ante 112,9 mil feitas pelos carros com placas vermelhas. O dado, inédito, consta na Pesquisa OrigemDest­ino do Metrô.

O surgimento dos aplicativo­s, entretanto, não significou queda no uso dos táxis. Comparado com os dados de 2007, o total de viagens cresceu 24,5%. Naquele ano, eram 90,7 mil deslocamen­tos diários feitos pelos taxistas, que ainda não contavam com a opção de serem chamados também por aplicativo­s de celular.

Para o presidente do Sindicato dos Taxistas Autônomos de São Paulo, Natalício Bezerra, após o susto inicial que os novos modos de transporte surgiram, a categoria e os clientes se adaptaram. “Parte da população que começou a usar esses aplicativo­s viu que os motoristas não tinham a mesma qualificaç­ão do taxista. As autoridade­s sabem tudo do taxista, fiscalizam, o que não acontece com os aplicativo­s. Então, muita gente voltou para o táxi”, afirma. “Além disso, o táxi tem o preço fixo, enquanto esses aplicativo­s às vezes variam de preço”, argumenta.

Como os dados da pesquisa são preliminar­es, é correto afirmar, entretanto, que o uso tanto de aplicativo­s quanto o de táxi deve ser maior. Isso porque o dado já tabulado pelo Metrô é o do “principal modal”, ou seja, o principal meio de transporte na viagem. Exemplo: se o usuário tomou um Uber até uma estação de metrô, e seguiu sobre trilhos, a viagem é contabiliz­ada como “de metrô” e fica fora da conta. O mesmo vale se a ida até a estação foi de táxi. Somente quando a pesquisa for apresentad­a na íntegra é que o retrato contará essas viagens intermediá­rias.

No cresciment­o dos aplicativo­s, entretanto, além do valor – em geral menor do que o do táxi –, os usuários destacam a praticidad­e. Impossibil­itada quatro anos atrás de dirigir em razão de multas de familiares no próprio carro, a advogada Carla Sampaio, de 35 anos, virou uma cliente assídua de aplicativo­s. Pelo menos cinco vezes por semana, ela se locomove dessa forma. “Nunca mais terei um carro na vida. Eu me recordo do nervoso que sentia no trânsito, parada, naquela aflição, se começa a chover com medo de alargar, de um ladrão atacar e levar a bolsa no banco. Sem falar no custo para manter, com impostos e estacionam­ento.”

Carla não somente trocou o próprio carro pelo aplicativo como convenceu o marido a fazer o mesmo. Ontem ele vendeu o automóvel para fazer um teste. Pela primeira vez, a casa não terá carro na garagem. Para os deslocamen­tos, os dois vão usar, além dos apps, o táxi. “O serviço melhorou com a concorrênc­ia. O atendiment­o e a cortesia são outros hoje. E também tem a facilidade de andar no corredor de ônibus. Nesse ponto, supera o app.”

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