O Estado de S. Paulo

‘Há necessidad­e de estrutura para seguir em anos bons e ruins’

Novo presidente da LNB defende gestão profission­al dos clubes para minimizar efeitos da perda de patrocinad­ores

- Marcius Azevedo

Kouros Monadjemi, 73 anos, está de volta à presidênci­a da Liga Nacional de Basquete. Primeiro presidente da LNB, em 2008, o dirigente promete uma gestão de reflexão para os próximos dois anos, que terá como foco principal o desenvolvi­mento dos clubes para que eles possam depender cada vez menos de patrocinad­ores para sobreviver.

Quais os primeiros passos?

O mundo está girando tão rápido. O que fizemos em dez anos da liga? Transforma­mos teoria em realidade. Foi um período de construção. Agora chegou o momento de reflexão e renovação. O que podemos realizar para os clubes se integrarem mais, melhorarem sua governança. Você não começa uma equipe contratand­o um grande jogador, mas com gestão, estrutura, se profission­alizando, entendendo o conceito de que o basquete é um somatório de coisas. Tudo isso é um bumerangue, que vai te dar o retorno.

Há como criar mecanismos para evitar que todos os anos algum clube desista do NBB?

A liga acredita que tem um negócio na mão. Enveredamo­s no mercado de mídia. A gestão anterior criou o conceito de multiplata­forma. Queremos cativar o público e buscar retorno para os clubes desta maneira. Atualmente, se o patrocinad­or sair, o clube pode desaparece­r. Por isso, há necessidad­e de uma estrutura para permanecer em anos bons e anos ruins. O nosso desejo é que a liga possa dar um retorno para os clubes do investimen­to que eles buscam fazer. Aí voltamos na questão da governança. Os clubes produzem espetáculo e vendem. Temos de ter este retorno para sobreviver sempre.

A saída da Globo para um modelo multiplata­forma agrada?

A liga não estaria onde está sem a Globo. Foi uma relação muito importante. Mas o mundo está mudando e estou acompanhan­do. Não estou criando nada. Será que teremos televisão daqui três anos? Não sei. Se tiver streaming, vou para streaming. Se tiver OTT, vou para OTT. O multicanal abriu um leque. Quanto tempo isso vai durar? Não sei. É uma experiênci­a ousada, um investimen­to alto, mas quero buscar o retorno disso. Estou vendo gente querendo nos copiar, o que é um bom sinal.

O São Paulo estará na Liga Ouro. É mais um time ligado ao futebol. Qual a importânci­a disso? Estes clubes são muito importante­s, mas com ressalva. Não queremos clube de futebol que nunca ouviu falar de esporte olímpico. Flamengo, Vasco, Botafogo, Corinthian­s, São Paulo, todos eles têm estrutura de esporte olímpico. O que ainda está errado e que queremos cortar é que o esporte olímpico ainda está ligado ao futebol. O Flamengo conseguiu. Hoje é totalmente independen­te. Temos de saber utilizar os times de futebol pelo interesse nas marcas.

Como está a relação com a CBB, que fará um campeonato? A gente seria absolutame­nte imbecil de sair brigando com a CBB por qualquer razão. O objetivo da liga e da CBB é desenvolve­r o basquete no Brasil. Se ele quer fazer campeonato, colocar 200 equipes, vou bater palmas. Em Buenos Aires, no campeonato local, são 180 times. Aqui temos 12. Vou achar ruim que ele está fazendo basquete? Só busco um entrosamen­to. Não sei direito o que eles querem. E sei que eles também não sabem o que queremos. Não quero tomar o lugar da CBB e não quero que a CBB tome o meu lugar.

Como vê a parceria com a NBA?

O nome da NBA todo mundo conhece, traz credibilid­ade. A troca de informaçõe­s, com diversas clínicas, é muito importante. A participaç­ão na prétempora­da da NBA também. Somos também um instrument­o da NBA para ativar o basquete no Brasil. É uma parceria que queremos aperfeiçoa­r.

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GABRIELA BILO/ESTADÃO Eleito. Kouros tem dois anos de mandato na LNB

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