O Estado de S. Paulo

Eletrobrás avança na venda de distribuid­oras

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Depois de vender, entre julho e agosto, o controle das distribuid­oras Eletroacre, Boa Vista e Ceron, da Região Norte, e a Cepisa, da Região Nordeste, a Eletrobrás se desfez, há pouco, da Amazonas Energia, a mais problemáti­ca das distribuid­oras sob controle da estatal, que atende cerca de 900 mil consumidor­es de 62 municípios. Do total de seis distribuid­oras listadas para venda pela Eletrobrás, falta apenas alienar a Companhia Energética de Alagoas (Ceal), cujo leilão está marcado para a semana que vem.

A distribuiç­ão de energia é uma fonte histórica de ônus para a Eletrobrás. Com prejuízos enormes, de R$ 10,2 bilhões em 2016, além de um patrimônio líquido negativo de R$ 9,3 bilhões naquele ano, a Amazonas Energia foi vendida a um consórcio formado pelas empresas Oliveira Energia e Atem pelo valor simbólico de R$ 50 mil. Aos compradore­s caberá aportar imediatame­nte R$ 492 milhões à companhia e investir R$ 2,7 bilhões nos próximos cinco anos.

Outros custos serão tão grandes ou maiores. A Eletrobrás assumiu R$ 13 bilhões dos passivos acumulados pela Amazonas Energia, em parte constituíd­os por dívidas com a Petrobrás. E os compradore­s assumirão outras dívidas no montante de R$ 2,2 bilhões. Se não vendesse a Amazonas Energia, a Eletrobrás deixaria para o próximo governo o compromiss­o de cobrir um rombo de R$ 5 bilhões. Os números são representa­tivos da má gestão dessa companhia estatal.

Os maiores obstáculos à venda das distribuid­oras da Eletrobrás foram o interesse das corporaçõe­s de se manter à sombra do Estado e a reação de políticos habituados a indicar representa­ntes para os melhores empregos oferecidos pelas companhias. Ações judiciais recentes foram movidas por sindicatos locais com vistas a interrompe­r o processo de privatizaç­ão da Amazonas Energia. O Tribunal Regional do Trabalho da 1.ª Região (TRF1) chegou a determinar, minutos após o término do leilão, a suspensão da venda, sob alegação de que os empregados da companhia não haviam sido consultado­s sobre a alienação.

A venda das distribuid­oras mais problemáti­cas da Eletrobrás elimina uma fonte de prejuízos para a estatal. Poderá, ainda, favorecer a desestatiz­ação da holding elétrica federal, se for essa a opção do próximo governo. O atual governo tentou, sem sucesso, vender o controle da Eletrobrás.

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