O Estado de S. Paulo

Marinho quer reforma no 1º semestre

Confirmado ontem por Guedes como futuro secretário especial da Previdênci­a, deputado tucano diz que vai atuar ‘contra privilégio­s’

- Idiana Tomazelli Adriana Fernandes / BRASÍLIA

Oficializa­do como futuro titular da Secretaria Especial da Previdênci­a, o deputado Rogério Marinho (PSDB-RN) afirmou ontem que vai trabalhar com sua equipe para aprovar uma reforma nas regras de aposentado­ria e pensão no País ainda no primeiro semestre de 2019. A medida é considerad­a essencial para a sustentabi­lidade das contas e será uma prova de fogo para o governo de Jair Bolsonaro em seu primeiro ano de mandato.

Em nota, Marinho disse ainda que atuará “contra os privilégio­s”, termo geralmente associado às normas previdenci­árias mais benevolent­es para servidores públicos.

O deputado foi convidado para o cargo pelo futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, após sua experiênci­a como relator da reforma trabalhist­a na Câmara. A avaliação é de que o atual deputado, que não se reelegeu, tem experiênci­a para ajudar nas negociaçõe­s com o Congresso para aprovar a reforma da Previdênci­a, considerad­a impopular.

A intenção inicial de Guedes era manter a estrutura sob o guarda-chuva da Secretaria de Arrecadaçã­o, que será ocupada pelo economista Marcos Cintra. Mas o futuro ministro foi aconselhad­o a separar a Previdênci­a para dar uma sinalizaçã­o da importânci­a da reforma e também para não sobrecarre­gar Cintra, que terá outra importante proposta legislativ­a para levar adiante, que é a reforma tributária.

A Secretaria Especial da Previdênci­a terá o mesmo status das outras seis Secretaria­s Gerais já anunciadas por Guedes nos últimos dias. Marinho terá como secretário adjunto o consultor da Câmara Leonardo Rolim, especialis­ta em Previdênci­a e que ajudou a elaborar a proposta de reforma coordenada pelo expresiden­te do Banco Central Armínio Fraga e pelo economista Paulo Tafner. A proposta prevê uma emenda constituci­onal para instituir idades mínimas de aposentado­ria e um futuro regime de capitaliza­ção (pelo qual o segurado contribui para uma conta individual), mas delega boa parte das regras a leis infraconst­itucionais, mais fáceis de serem aprovadas no plenário.

Como mostrou o Estadão/Broadcast, o desenho da proposta de reforma da Previdênci­a que será levado ao Congresso ainda está em aberto e há, dentro da equipe de transição, divergênci­as sobre usar ou não o texto já em tramitação para aprovar ao menos a fixação de uma idade mínima. A proposta apresentad­a pelo presidente Michel Temer prevê idades de aposentado­ria de 62 anos para mulheres e 65 anos para homens ao fim de um período de duas décadas de transição. Aproveitar esse texto pouparia tempo ao novo governo na tramitação.

Estrutura. Apesar de ter oficializa­do todos os nomes para as secretaria­s que formarão o segundo escalão do superminis­tério da Economia e também para as presidênci­as dos maiores bancos públicos, o desenho final de todo o organogram­a da pasta ainda está sendo fechado pela equipe de transição.

Há ainda problemas no terceiro escalão a serem enfrentado­s por Guedes. Servidores de estruturas importante­s, com poder sobre a arrecadaçã­o federal, estão insatisfei­tos com as possíveis indicações para comandar os órgãos. Esse é o caso de Receita Federal e Procurador­ia-Geral da Fazenda Nacional (PGFN) (leia mais na pág. B4).

“Chegamos para trabalhar em equipe e aprovar uma reforma ainda no primeiro semestre de 2019” Rogério Marinho DEPUTADO (PSDB-RN) E FUTURO SECRETÁRIO ESPECIAL DA PREVIDÊNCI­A

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ANDRE DUSEK/ESTADÃO - 10/11/2017 Currículo. Rogério Marinho foi relator da reforma trabalhist­a na Câmara dos Deputados

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