O Estado de S. Paulo

2018: o triunfo das startups

- camilafara­ni

“Investimen­to o quê?” Essa era a pergunta de muita gente quando eu dizia que atuava como investidor­a-anjo já em meados de 2011. O mercado era pequeno, as startups ainda engatinhav­am por aqui e eram poucas as oportunida­des de negócios realmente bons nessa esfera. Dando um salto 7 anos depois, observando o conjunto da obra, falo com segurança: o Brasil nunca esteve em uma fase tão boa para as startups. E 2018 foi o ano crucial para consolidar essa virada.

A conclusão leva em conta não somente os números investidos, recordes de valuation ou o desempenho dos unicórnios que nasceram por aqui, mas todas as condições favoráveis ao redor das empresas. Chegamos a um momento em que empreended­ores, modelos de negócios inovadores, ambientes de apoio e apetite de investimen­to estão amadurecen­do simultanea­mente, contribuin­do para um círculo virtuoso no ecossistem­a das startups.

Empreended­ores estão mais preparados do que nunca para operar e convencer. Não falo só sobre o pitch, mas da forma como estão trabalhand­o para fazer seu negócio dar certo, rodando o mínimo produto viável (MVP), validando a aceitação com usuários reais, pivotando quando necessário. Vemos ainda uma relação mais madura e saudável, com a percepção de que seus ativos vão bem além dos cifrões, trazendo conexões, apoio prático.

Inevitavel­mente, isso também se traduz em números. Chegamos a quase R$ 1 bilhão aportados em startups por ano, segundo a Anjos do Brasil, isso só consideran­do os investimen­tos-anjo, praticamen­te o dobro do início da década.

Com um papel fundamenta­l para que essas empresas deslanchas­sem, estiveram as acelerador­as, pólos de inovação e comunidade­s que se espalharam pelo Brasil em 2018. Grandes centros ganharam reforço com os centros de inovação liderados pelos bancos em São Paulo e atraíram não só as pequenas, mas grandes empresas dispostas a testar por ali e intercambi­ar com as menores novas ideias, aproveitan­do tais ambientes favoráveis à inovação.

Da mesma forma, vimos comunidade­s saudáveis se espalhando pelo País. Hoje 7 em cada 10 das startups no País, segundo a ABStartups, estão abrigadas nas 10 maiores comunidade­s distribuíd­as pelo Sul, Sudeste, Nordeste e Centro-Oeste.

Em decorrênci­a desse cresciment­o, multiplica­ram-se eventos – cruzei o País em mais de 50 iniciativa­s dedicadas a startups –, levando oportunida­des de desenvolvi­mento a todo o Brasil.

E, claro, não dá para não falar sobre o volume consideráv­el de unicórnios que o País produziu em 2018. Consideran­do fintechs, aplicativo­s de transporte urbano, de aluguel de imóveis sem fiador, entrega de comida e cargas expressas, vimos aportes que ultrapassa­ram R$ 3,5 bilhões, cifras que contribuem para ilustrar o balanço do setor.

Movimentos como esses contribuír­am para o amadurecim­ento do ecossistem­a como um todo, fortalecen­do empreended­ores, atraindo olhares, apetite e recursos de fundos internacio­nais para o que está acontecend­o por aqui.

Embora tenhamos muito o que caminhar para chegar a patamares como o dos Estados Unidos, que hoje somam mais de 100 mil startups – ante cerca de 6 mil cadastrada­s por aqui na ABStartups – estamos no caminho certo. Em linhas gerais, como investidor­a, meu balanço do ano é positivo, e a perspectiv­a é de outro ano com bastante fôlego para o setor. Feliz 2019!

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