O Estado de S. Paulo

Fux revoga própria decisão e tabela de frete volta a valer

Com isso, volta a vigorar a resolução editada pela ANTT que prevê multas de até R$ 10,5 mil pelo descumprim­ento da tabela

- Amanda Pupo Teo Cury / BRASÍLIA

A pedido da AGU, o ministro do STF Luiz Fux revogou a própria decisão que suspendia as multas para quem descumprir a tabela de frete. Com isso, voltam a valer as penalidade­s de até R$ 10,5 mil, em vigor desde novembro.

O ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu ontem revogar a decisão que havia suspendido a aplicação de multas geradas pelo descumprim­ento da tabela que fixou preços mínimos de frete, editada pela Agência Nacional de Transporte­s Terrestres (ANTT). A decisão desta quarta-feira atende a um pedido da Advocacia-Geral da União (AGU).

Com isso, volta a vigorar a resolução editada pela ANTT em novembro que prevê multas de até R$10,5 mil pelo descumprim­ento da tabela. O ministro determinou que a decisão vale até que o plenário do STF julgue as ações que questionam o tabelament­o do frete sejam julgadas no plenário do STF. “Determino a inclusão do feito em pauta com urgência”, determina Fux na decisão. Ainda não há data para o caso ser analisado pelos 11 ministros.

O próprio ministro havia suspendido os efeitos da resolução na semana passada atendendo a um pedido da Confederaç­ão da Agricultur­a e Pecuária do Brasil (CNA).

Em reação à decisão de Fux, caminhonei­ros fizeram paralisaçõ­es na segunda-feira em vários pontos do País. Foram registrada­s manifestaç­ões na via Dutra na altura de Barra Mansa (RJ), no acesso ao porto de Santos (SP), em Pindamonha­ngaba (SP) e em Minas Gerais.

No pedido de reconsider­ação apresentad­o nesta quarta, a AGU afirmou que era recomendad­o assegurar o cumpriment­o da tabela ao menos até a reavaliaçã­o da matéria pelo próximo governo, que terá Jair Bolsonaro como chefe do Executivo. Na manifestaç­ão, a ministra Grace Mendonça também destacou que a lei que institui a política nacional de pisos mínimos “assegurou” o estado de normalidad­e nas rodovias do País.

A tabela com os preços mínimos para os fretes rodoviário­s foi estabeleci­da por uma medida provisória editada pelo presidente Michel Temer durante a greve dos caminhonei­ros, em maio. O texto foi aprovado pelo Congresso. A tabela foi uma das reivindica­ções dos caminhonei­ros para acabar com a paralisaçã­o, que provocou uma crise de abastecime­nto e derrubou a atividade econômica do País.

Impacto. Quando suspendeu a aplicação de multas por descumprim­ento da tabela na semana passada, Fux mencionou ofício do Ministério da Agricultur­a, Pecuária e Abastecime­nto, que trata dos “entraves e prejuízos causados pela lei que institui a Política Nacional de Pisos Mínimos do Transporte Rodoviário de Cargas”.

Fux então afirmou que o “quadro fático” apontava que a imposição de sanções a empresas que descumprem o tabelament­o havia gerado “grave impacto na economia nacional”, consequênc­ia preocupant­e.

O ministro é relator de três ações de inconstitu­cionalidad­e movidas contra a tabela de preços mínimos do frete. Em junho, ele determinou a suspensão dos processos judiciais, individuai­s ou coletivos, em curso nas demais instâncias do Judiciário que envolvesse­m a inconstitu­cionalidad­e do tabelament­o. Em agosto, após audiências públicas realizadas no Supremo Tribunal Federal sobre o assunto, o ministro afirmou que levaria as ações que contestam o tabelament­o diretament­e ao plenário.

Em novembro, no entanto, a CNA voltou a pedir que a Corte julgasse logo as ações que contestam o tabelament­o, ou que ao menos suspendess­e a resolução da ANTT editada em novembro.

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DIDA SAMPAIO/ESTADÃO - 28/11/2018 Ameaça caminhonei­ra. Fux, do STF, acatou pedido da ministra Grace Mendonça, da AGU

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