O Estado de S. Paulo

Gilles Lapouge

- EMAIL: GILLES.LAPOUGE@WANADOO.FR TRADUÇÃO DE CLAUDIA BOZZO

Tanto a esquerda quanto a direita expressam sua raiva e culpa contra Macron.

As provações seguem sem descanso. Dificilmen­te a crise dos “coletes amarelos” retomará o fôlego depois de um mês de tensão e de o foco de um incêndio ter aparecido em Estrasburg­o, uma bela cidade dominada pela catedral mais bonita da Europa. Lá, perto da fronteira com a Alemanha, se realiza há séculos um magnífico “mercado de Natal” que atrai multidões em torno de suas bancas e guirlandas.

Na terça-feira, no começo da noite, um homem atirou contra a multidão, matando 2 pessoas, ferindo 12, 7 delas em estado crítico. Um dos soldados que estava patrulhand­o sob o “Plano VigiPirate­s” (contra terrorismo) atirou no terrorista e feriu-o no braço. O homem conseguiu escapar pelas pessoas paralisada­s. Ele chamou um táxi, que o levou para outro bairro. Em seguida, seu rastro se perdeu.

Ninguém reivindico­u o crime, mas o governo diz que se trata de uma ataque terrorista. O homem era conhecido da polícia e fichado como perigoso. Após um tempo na cadeia, condenado por furto comum, autoridade­s dizem que ele se tornou um “radical religioso”.

Assim, mesmo antes de ter a certeza de que este ataque era mesmo uma ação terrorista, a morte gratuita de dois inocentes traz de volta à memória algumas das piores imagens dos últimos anos: a noite de 13 de novembro de 2015, que viu um bando de assassinos, vindos da Bélgica e armados pelo Estado Islâmico, disparar aleatoriam­ente nas varandas dos bares e especialme­nte no Teatro Bataclan, com um balanço de 130 mortos.

Crise em Paris. Este ano, em Estrasburg­o, a marca do jihadismo não foi oficialmen­te destacada. No entanto, as suposições são fortes. O terror que parecia correr sob outros céus ainda está lá, adormecido. Os partidos de oposição na França criticaram o governo por seu entorpecim­ento, sua negligênci­a. O partido governista assumiu a defesa do presidente.

Mas, com Emmanuel Macron, é mais complicado. Como ele foi eleito presidente sob o slogan “nem de direita, nem de esquerda”, hoje tanto a esquerda quanto a direita expressam sua raiva, sua culpa e suas broncas. /

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RONALD WITTEK/EFE Guerra ao terror. Velas acesas em local de ataque em Estrasburg­o
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