PRÉ-GOVERNO BOLSONARO
Fé na democracia
Impossível pensar em fatos isolados, principalmente nos relacionamentos sociais. O que leva o presidente eleito Jair Bolsonaro a dizer que “o poder popular não precisa mais de intermediação” tanto pode ser referência ao sucesso de sua campanha pelas redes sociais como estar ligado a seu conhecimento pessoal desse Congresso após longo convívio – e todos sabemos que esse Congresso é intratável. Poderíamos até, numa terceira hipótese, entrever ensaios de uma possível ditadura, mas nos parece que os militares estão pouco propensos a isso. Então, é prematuro aventar conclusões. Mas é importante que o novo presidente saiba, antes de começar seu mandato, que os 13 anos de petismo nos amadureceram para sabermos os procedimentos corretos para um bom governo. E somos as redes sociais, mesmo com a gritaria de muitos inconsequentes que ali estão só para atrapalhar o diálogo imprescindível numa democracia. CARMELA TASSI CHAVES tassichaves@gmail.com
São Paulo Parece-me que vivemos num país de surdos. Consta no artigo 1.º, § único, da Constituição que todo o poder emana do povo e deve ser exercido por seus representantes eleitos. Porém nossos representantes só trabalham em prol de interesses próprios e partidários. Se houver em nossos três Poderes verdadeiros representantes, creio que não devam passar de uns 30%. Portanto, diante da fala do nosso presidente eleito Jair Bolsonaro os antirrepublicanos que ponham suas barbas de molho, porque o povo já acordou.
WILSON MATIOTTA loluvies@gmail.com
São Paulo
Que medo é esse?
Bolsonaro já disse uma centena de vezes que respeitará a Constituição. Aliás, em seu primeiro pronunciamento à Nação logo após eleito tinha em mãos o “livrinho”, que foi impiedosamente rasgado por seus adversários nos últimos meses. No entanto, recai sobre ele o receio de que a nossa Carta Magna seja pisoteada em seu mandato. Definido o resultado do segundo turno, Bolsonaro ainda não tinha soltado seu primeiro “hurra” e o presidente do Supremo, Dias Toffoli, disse que “o eleito deve fidelidade à Constituição e às instituições da República”. Em novembro presenteou-o com exemplar de uma edição comemorativa dos 30 anos da Constituição de 1988. Em visita ao Tribunal Superior Eleitoral, a presidente Rosa Weber ofertou-lhe outro “livrinho” e na diplomação cutucou-o: “A democracia, não nos esqueçamos, repele a noção autoritária do pensamento único”. Será que, se tivesse sido Fernando Haddad o vencedor, a democracia e a Carta teriam sido tão evocadas? Os preocupados que durmam tranquilos, desse susto não morrem. O perigo real de mentes deturpadas tomarem o poder foi afastado em outubro e a partir de 1.º de janeiro o Brasil viverá um “novo tempo”. SÉRGIO DAFRÉ sergio_dafre@homail.com Jundiaí
Má distribuição de renda
É revoltante ver nababos do Judiciário e da Procuradoria-Geral da República lamentando a má distribuição de renda no Brasil, como fez a ministra Rosa Weber na diplomação do presidente Bolsonaro. Falam como se nada tivessem que ver com isso. Ora, vamos deixar de hipocrisia, pois um dos principais agentes, se não o principal causador da má distribuição de renda no Brasil é o próprio Judiciário. Para começar, toma para si 2% de tudo o que se produz no Brasil – enquanto nos demais países o custo do Judiciário não passa de 0,5% do PIB, segundo Samuel Pessôa (Estadão, 2/12) –, com rendimentos, mordomias e aposentadorias superprivilegiados, e entrega serviços de quinta. Demora um tempo enorme para dar solução aos processos, aceita recursos meramente protelatórios em verdadeira conivência com a parte interessada, interrompe com liminares obras, licitações e privatizações a torto e a direito, sem avaliar consequências. Se o Judiciário não avançasse tanto no bolso dos contribuintes e prestasse serviço mais eficiente, decerto a educação, bem como os serviços de saúde, até as prisões poderiam ser melhores. E, enfim, a distribuição de renda seria mais justa no Brasil. Basta de demagogia.
MILTON BONASSI mbonassi@uol.com.br
São Paulo